terça-feira, 29 de setembro de 2009

Inveja, ferramenta para o crescimento.

Ela está presente em todos nós e é encarada como algo ruim. Mas é possível tirar proveito desse sentimento para evoluir, e sem prejudicar ninguém

Conta uma antiga fábula que, depois de muito fugir de uma cruel serpente, o vaga-lume se rendeu, pedindo apenas para que ela lhe respondesse três perguntas, antes de devorá-lo. Um pouco relutante, mas satisfeita por mostrar sua superioridade diante da presa, a serpente aceitou a proposta. Para começar, o inseto quis saber se fazia parte da cadeia alimentar de sua perseguidora. Rapidamente, ela respondeu que não. Percebendo que não se tratava de uma questão alimentar, o vaga-lume tentou puxar pela memória algo pessoal. No entanto, não se recordou de nenhum conflito entre eles. Questionou, então, se já havia feito algum mal à cobra. Ela balançou a cabeça negativamente. Confuso e sem entender o que se passava, ele perguntou, por fim, o que fazia a serpente caçá-lo com tanta insistência e ódio. A resposta foi objetiva. " É que não suporto vê-lo brilhar ", disse.

Essa simples história retrata com clareza um sentimento conhecido por todos nós: a inveja. Afinal, quem é que nunca se sentiu incomodado com o sucesso alheio, desejou estar no lugar de outra pessoa ou possuir algo que não era seu? E mais que isso, qual de nós nunca notou (e temeu!) olhos invejosos diante de um momento feliz que estava vivenciando? " A inveja faz parte da natureza humana. E, por mais que as pessoas a evitem e sintam vergonha de admiti-la, é preciso reconhecer sua ação em nossas vidas e, assim, encontrar uma forma de trabalhá-la ", ressalta a terapeuta transpessoal Cida Medeiros, de São Paulo.

Olhando para dentro.

Uma das principais questões acerca da inveja é a competitividade. Apesar de esse conceito ser um velho conhecido dos seres humanos - antes ligado a questões importantes, como a sobrevivência - atualmente, sua atuação é muito mais intensa e abrange as mais diversas áreas. " A cultura moderna prega padrões profissionais, estéticos e até pessoais que levam as pessoas a competirem o tempo todo, sem nem sequer se dar conta disso. E competição leva à comparação. Esse é o ponto de partida para muitas situações em que a inveja figura ", comenta Cida Medeiros.

O raciocínio é lógico: quando comparamos duas ou mais pessoas, alguém termina em posição de desvantagem. E é aí que, ge- ralmente, pinta aquele incômodo per- sistente, quase que como uma voz que nos estimula a cobiçar o trunfo do outro. No início, a coisa é branda: a gente re- conhece as qualidades dele e até lamenta por não ser daquele jeito. Existem casos, porém, em que a inveja toma proporções tão grandes que cria o desejo de destruir o ser invejado. Aí, aparecem aquelas situações tí- picas. Sabe aquele cara que vive caçando defeitos em você e espa- lha boatos maldosos por aí? Pois é, tudo pode ter começado em um mo- mento no qual você se destacou. Por isso, um dos principais antído- tos contra a inveja mora dentro de cada um de nós. É a autoestima. Afinal, quem se conhece bem consegue identi- ficar suas virtudes e habilidades e não perde de vista seu valor. Sobra então, pouco espaço para o sentimento de in- ferioridade, grande fomentador da dor de cotovelo. "É im- portante lembrar que cada pessoa é única e, portanto, deve ser observada e admirada de forma particular", afirma a psicóloga clínica Priscila Araújo, de São Paulo.

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