terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Reflexão de final de ano!!!

Texto de Walcyr Carrasco.

Nesta época, gosto de tratar da vida.

Dou a roupa que não uso mais.

Livros que não pretendo reler. Envio caixas para bibliotecas.

Ou abandono um volume em um shopping ou café, com uma mensagem:

- " Leia e passe para frente! "

Tento avaliar meus atos através de uma perspectiva maior.

Penso na história dos Três Porquinhos. Cada um construiu sua casa. Duas, o Lobo derrubou facilmente.
Mas a terceira resistiu porque era sólida.

Em minha opinião, contos infantis possuem grande sabedoria, além da história propriamente dita.


Gosto desse especialmente.

Imagino que a vida de cada um seja semelhante a uma casa.

Frágil ou sólida, depende de como é construída.

Muita gente se aproxima de mim e diz:

- Eu tenho um sonho, quero torná-lo realidade! Estremeço...

Freqüentemente, o sonho é bonito, tanto como uma casa bem pintada. Mas sem alicerces.

As paredes racham, a casa cai repentinamente, e a pessoa fica só com entulho. Lamenta-se.


Na minha área profissional, isso é muito comum.

Diariamente sou procurado por alguém que sonha em ser ator ou atriz sem nunca ter estudado ou feito teatro.

Como é possível jogar todas as fichas em uma profissão que nem se conhece?

Há quem largue tudo por uma paixão. Um amigo abandonou mulher e filho recém-nascido.

A nova paixão durou até a noite na qual, no apartamento do 10º andar, a moça afirmou que podia voar.

Deixa de brincadeira , ele respondeu.

Eu sei voar, sim! rebateu ela.

Abriu os braços, pronta para saltar da janela. Ele a segurou. Gritou por socorro. Quase despencaram.

Foi viver sozinho com um gato, lembrando-se dos bons tempos da vida doméstica, do filho, da harmonia perdida!

Algumas pessoas se preocupam só com os alicerces. Dedicam-se à vida material.

Quando venta, não têm paredes para se proteger.

Outras não colocam portas. Qualquer um entra na vida delas.


Tenho um amigo que não sabe dizer não (a palavra não é tão mágica quanto uma porta blindada).

Empresta seu dinheiro e nunca recebe. Namora mulheres problemáticas.

Vive cercado de pessoas que sugam suas energias como autênticos vampiros emocionais.

Outro dia lhe perguntei:

- Por que deixa tanta gente ruim se aproximar de você?

Garante que no próximo ano será diferente. Nada mudará enquanto não consertar a casa de sua vida.

São comuns as pessoas que não pensam no telhado. Vivem como se os dias de tempestade jamais chegassem.

Quando chove, a casa delas se alaga.

Ao contrário das que só cuidam dos alicerces, não se preocupam com o dia de amanhã.

Certa vez uma amiga conseguiu vender um terreno valioso recebido em herança.

Comentei:
Agora você pode comprar um apartamento para morar.


Preferiu alugar uma mansão. Mobiliou. Durante meses morou como uma rainha.

Quase um ano depois, já não tinha dinheiro para botar um bife na mesa!

Aproveito as festas de fim de ano para examinar a casa que construí.

Alguma parede rachou porque tomei uma atitude contra meus princípios?

Deixei alguma telha quebrada?

Há um assunto pendente me incomodando como uma goteira?

Minha porta tem uma chave para ser bem fechada quando preciso, mas também para ser aberta quando vierem as pessoas que amo?

É um bom momento para decidir o que consertar.

Para mudar alguma coisa e tornar a casa mais agradável.

Sou envolvido por um sentimento muito especial.

Ao longo dos anos, cada pessoa constrói sua casa.


O bom é que sempre se pode reformar, arrumar, decorar!


E na eterna oportunidade de recomeçar reside a grande beleza de ser o arquiteto da própria vida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Metas para 2012.

Final de ano, não é só sinônimo de festa natalina e troca de presentes.

Nessa época, muitas pessoas param um momento para refletir seus atos, tanto pessoais quanto profissionais, e traçar metas de como aprimorá-los ou mudá-los.

Mas, para ser sincera, não há um período específico do ano para se iniciar um planejamento.

“A grande pergunta, considerada o pontapé deste procedimento é:

- O que eu quero?

As pessoas estão muito acostumadas a dizer o que elas não querem.

Então para uma boa traçada de metas é necessário fugir do negativismo e priorizar o que se quer alcançar”, explica Malu Monteiro, coach integrante da Sociedade Brasileira de Coaching que atua na região do ABC, Grande São Paulo.

Definiu o que quer?

Então é hora de fazer um cartão de objetivos, que nada mais é do que passar para o papel a meta que você deseja alcançar (aumento de salário, mudança de emprego, um cargo novo...).

Segundo Malu, 60% das pessoas que escrevem seus planos no papel têm mais chances de conseguir o que desejam.

“É como se o objetivo começasse a se materializar”, explica.

Feito isso verifique se este objetivo é alcançável.

Por exemplo: se você deseja mudar de emprego e conquistar uma vaga numa grande empresa de vendas, precisa verificar quais as habilidades necessárias, se você as tem e, se não possui, qual a possibilidade de passar a possuí-las.

Depois, verifique se seu objetivo é realizável, ou seja, tente visualizá-lo.

“ Um objetivo bem trabalhado precisa de tempo. E o tempo que vai levar para alcançá-lo depende de cada pessoa ”, ressalta.

Resumindo: o seu plano de ação deve responder às seguintes perguntas:

- O que eu quero (especificamente)?

- Como isso vai acontecer?

- Quanto vai custar? (tempo e dinheiro, porque você pode precisar fazer cursos, contratar um coach e ou ter disponibilidade para mandar currículos, pesquisar...)

- Quando vai acontecer? (coloque dia, mês e ano)

- Quem vai responsável pela tarefa?

Pronto, agora é caminhar e batalhar pelo sonho. Se for necessário fazer cursos de atualização, já procure uma boa escola.

Quer comprar um bem? Então pesquise o valor e comece a poupar. “Coloque sua carta de objetivos sempre à vista.

Inclua matérias de jornal, fotos, enfim, o que for necessário para manter sua motivação”, sugere Malu.

Aproveite também para comentar seu planejamento com pessoas de confiança. Fique de olho no mercado e busque informações para aprimorar seu plano de ação.

Malu lembra que quando estamos próximos do fim do ano as pessoas percebem que muito tempo se passou e então começam a avaliar suas realizações.

Fazem promessas de que o próximo ano vai ser melhor e correm contra o tempo. Entretanto, a coach ressalta que quem faz essa reflexão a qualquer época olha de maneira diferente para o fim do ano.

“Esses indivíduos dão continuidade às metas alcançadas em 2011, provando que não ficaram paradas, pensando no que fazer quando o outro ano começar.

Elas correram atrás, caminharam em busca de seus objetivos”, afirma.

E você, a qual grupo pertence?

terça-feira, 22 de novembro de 2011

De repente 60.

Muito lindo!
Parabéns ... Vc foi a primeira colocada pela sua sabedoria e maturidade!

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Regina de Castro Pompeu, terceira colocada no Prêmios Longevidade Bradesco de Jornalismo, Histórias de Vida, com o texto “De repente, 60”

De forma despretensiosa, escrevi um texto no concurso Premios Longevidade Bradesco Histórias de Vida.

Estou chegando de São Paulo, onde fui participar da premiação.

Mandaram um motorista me buscar e me trazer e fiquei num super-hotel nos Jardins, acompanhada de meu príncipe consorte rs...rs...rs...sr...

Entre quase 200 concorrentes, conquistei o 3 lugar, com direito a troféu e diploma.

Mas, sinto como se tivesse recebido o Oscar, pois os primeiros colocados foram jovens que trabalharam por alguns anos para escrever histórias que mereciam ser contadas.

Meu texto foi o único produzido pela própria protagonista.

O tema central era o realcionamento inter-geracional.

Quase caí da cadeira quando Nicete Bruno, jurada especial me perguntou:

-"Você é a Regina? Queria muito conhecê-la. Adorei seu texto!!"

Tive, ainda, o privilégio de ser fotografada ao lado da convidada especial, Shirley MacLaine.

É muita emoção, que gostaria de compartilhar com vocês.

Abaixo, o texto premiado.

Beijos,

Regina.

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DE REPENTE 60 (ou 2x30)

Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo.

Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade.

Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?

Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos.
Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço!

Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.

Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.

Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.

Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.

Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS. Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos).

Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões,vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas.

Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet.

Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.

Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.

Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado.

Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).

Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.

A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo.
Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas mnemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada!

De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...

Mas, do que é que eu estava falando mesmo?

Ah, sim, dos meus sessenta.

Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.

Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex...agenária!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gastos de fim de ano.

Fim de ano: saiba como controlar gastos por impulso

Os três últimos meses do ano são, sem dúvida, os mais propícios para o consumo.

Em outubro, a comemoração do Dia das Crianças faz com que o consumidor corra atrás de presentes. Nos meses seguintes, o 13º salário, juntamente com o Natal, levam as pessoas a consumirem ainda mais.

Porém, o consumidor precisa entender as diferenças entre necessidade e compulsão por comprar.

Segundo o administrador Augusto Campos, detectar se a compra foi feita por impulso é uma ação de médio prazo.

“A compulsão propriamente dita se manifesta de forma continuada, e seus efeitos podem ser percebidos muito mais no médio prazo, do que na hora de cada uma das compras.

Um exemplo é o acúmulo de produtos comprados, mas jamais usados, ou que nem chegam a ser tirados das suas embalagens”, explica, afirmando que outra forma de perceber se há exagero nas compras é “ pelo saldo negativo se acumulando no banco e nos cartões de crédito devido ao excesso de compras ”, completa.

Segundo Campos, é no ato da compra que o consumidor deve avaliar se está comprando por necessidade ou por impulso.

De acordo com ele, o consumidor precisa “ verificar se o preço foi levado em conta, se era algo que o consumidor já tinha se proposto a comprar antes de ver na loja, se tem utilidade certa, ou se é algo que o consumidor está comprando para ver se serve só depois".

Consumista:
De acordo com o administrador, o consumo excessivo é aquele que, ao invés de exceção, se torna uma regra.

“ Faço um paralelo com os hábitos alimentares: quando se tem uma alimentação disciplinada, é possível premiar-se ocasionalmente com uma refeição fora das recomendações da dieta sem sofrer consequências negativas.

Mas quando o exagero alimentar vira a regra e não a exceção, temos quadros de obesidade, problemas nutricionais variados e prejuízo à saúde ”, exemplifica.

Segundo Campos, o consumista não pensa nos problemas que aquele ato pode trazer para o futuro e permite-se indiscriminadamente fazer compras por impulso, sem considerar a real necessidade ou interesse da aquisição, ou os impactos sobre o saldo bancário e o crédito.

Na avaliação de Campos, o consumismo desloca a busca da satisfação.

“ Em vez de concentrar-se na utilidade do objeto ou serviço adquirido, o foco passa a ser a sensação experimentada no ato de comprar”, completa, lamentando que “ dificilmente esta compra de itens desnecessários vai resolver a carência, ansiedade ou outra demanda interna que provocou o impulso de comprar ”, afirma.

Consumo x bolso:
Além de comprar o que não precisa naquele momento, o impulso pela compra é tão grande que, muitas vezes, o consumidor esquece que terá que pagar a conta depois, nos casos de compras a prazo.

Para Campos, dois aspectos influenciam negativamente nas finanças: o mau uso do saldo disponível e o possível mau uso do crédito.

“ O mau uso do saldo causa dano porque aquele saldo deixa de ser poupado para um investimento futuro. O consumidor deixa de comprar algum outro bem que seria mais útil ”, explica.

Segundo ele, o mau uso do crédito é ainda pior.

“ O segundo é mais doloroso e tem impacto mais duradouro porque leva à triste situação de pagar juros, embutidos em qualquer operação de crédito, ou mesmo multas e outras penalidades por adquirir produtos desnecessários sem ter como pagá-los imediatamente ”, afirma.

Para evitar problemas de consumo, segundo Campos, o consumidor deve vencer as compras desnecessárias e abrir espaço para compras melhores, para mais crédito e, especialmente, para a percepção de quais são as reais demandas e carências que o consumidor estava tentando suprir por meio do ato de comprar.

O administrador ainda aconselha que o consumidor deve ter cuidado para não exagerar na intensidade ou na duração dos seus exercícios com a redução das compras.

Depois de firmado o hábito, práticas mais simples caberão melhor.

Minha sugestão? Só compre o que estiver previamente em uma lista de compras, e nunca se permita colocar novos itens na lista enquanto estiver fazendo compras ”, finaliza.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Engraçado e verdadeiro.

Eu tomo um remédio para controlar a pressão.

Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta.

Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção.

Tô sofrendo de preção alto,

O médico mandou cortar o sal.

Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais.

Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério!

Não sei mais o que é real.

Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.

Não tem mais um Real.

Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas:

Sabe aquele carro? Esquece!

Aquela viagem? Esquece!

Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece!

Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time:

- Nas últimas.

Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida...

Entra por um ouvido e sai pelo outro.

Faz diferença...

"A diferença entre o Brasil e a República Checa é que

a República Checa tem o governo em Praga

e o Brasil tem essa praga no governo"

Luiz Fernando Verissimo

"Não tem coisa pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio. "

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Atitudes que drenam enegias.

1. Pensamentos obsessivos - Pensar gasta energia, e todos nós sabemos disso. Ficar remoendo um problema cansa mais do que um dia inteiro de trabalho físico. Quem não tem domínio sobre seus pensamentos - mais comum ao homem ocidental, torna-se escravo da mente e acaba gastando a energia que poderia ser convertida em atitudes concretas, além de alimentar ainda mais os conflitos. Não basta estar atento ao volume de pensamentos, é preciso prestar atenção à qualidade deles. Pensamentos positivos, éticos e elevados podem recarregar as energias, enquanto o pessimismo consome energia e atrai mais negatividade para nossas vidas.

2. Sentimentos tóxicos - Choques emocionais e raiva intensa também esgotam as energias, assim como ressentimentos e mágoas nutridos durante anos seguidos. Não é à toa que muitas pessoas ficam estagnadas e não são prósperas. Isso acontece quando a energia que alimenta o prazer, o sucesso e a felicidade é gasta na manutenção de sentimentos negativos. Medo e culpa também gastam energia, e a ansiedade descompassa a vida. Por outro lado, os sentimentos positivos, como a amizade, o amor, a confiança, o desprendimento, a solidariedade, a auto-estima, a alegria e o bom-humor recarregam as energia e dão força para empreender nossos projetos e superar os obstáculos.

3. Maus hábitos, falta de cuidado com o corpo - Descanso, boa alimentação, hábitos saudáveis, exercícios físicos e o lazer são sempre colocados em segundo plano. A rotina corrida e a competitividade fazem com que haja negligência em relação a aspectos básicos para a manutenção da saúde energética.

4. Fugir do presente - As energias são colocadas onde a atenção é focada. O homem tem a tendência de achar que no passado as coisas eram mais fáceis: "bons tempos aqueles!", costumam dizer. Tanto os saudosistas, que se apegam às lembranças do passado, quanto aqueles que não conseguem esquecer os traumas, colocam suas energias no passado. Por outro lado, os sonhadores ou as pessoas que vivem esperando pelo futuro, depositando nele sua felicidade e realização, deixam pouca ou nenhuma energia no presente. E é apenas no presente que podemos construir nossas vidas.

5. Falta de perdão - Perdoar significa soltar ressentimentos, mágoas e culpas. Libertar o que aconteceu e olhar para frente. Quanto mais perdoamos, menos bagagem interior carregamos, gastando menos energia ao alimentar as feridas do passado. Mais do que uma regra religiosa, o perdão é uma atitude inteligente daquele que busca viver bem e quer seus caminhos livres, abertos para a felicidade. Quem não sabe perdoar os outros e si mesmo, fica "energeticamente obeso", carregando fardos passados.

6. Mentira pessoal - Todos mentem ao longo da vida, mas para sustentar as mentiras muita energia é gasta. Somos educados para desempenhar papéis e não para sermos nós mesmos: a mocinha boazinha, o machão, a vítima, a mãe extremosa, o corajoso, o pai enérgico, o mártir e o intelectual. Quando somos nós mesmos, a vida flui e tudo acontece com pouquíssimo esforço.

7. Viver a vida do outro - Ninguém vive só e, por meio dos relacionamentos interpessoais, evoluímos e nos realizamos, mas é preciso ter noção de limites e saber amadurecer também nossa individualidade. Esse equilíbrio nos resguarda energeticamente e nos recarrega. Quem cuida da vida do outro, sofrendo seus problemas e interferindo mais do que é recomendável, acaba não tendo energia para construir sua própria vida. O único prêmio, nesse caso, é a frustração.

8. Bagunça e projetos inacabados - A bagunça afeta muito as pessoas, causando confusão mental e emocional. Um truque legal quando a vida anda confusa é arrumar a casa, os armários, gavetas, a bolsa e os documentos, além de fazer uma faxina no que está sujo. À medida em que ordenamos e limpamos os objetos, também colocamos em ordem nossa mente e coração. Pode não resolver o problema, mas dá alívio. Não terminar as tarefas é outro "escape" de energia. Todas as vezes que você vê, por exemplo, aquele trabalho que não concluiu, ele lhe "diz" inconscientemente: "você não me terminou! Você não me terminou!" Isso gasta uma energia tremenda. Ou você a termina ou livre-se dela e assuma que não vai concluir o trabalho. O importante é tomar uma atitude. O desenvolvimento do auto-conhecimento, da disciplina e da determinação farão com que você não invista em projetos que não serão concluídos e que apenas consumirão seu tempo e energia.

9. Afastamento da natureza - A natureza, nossa maior fonte de alimento energético, também nos limpa das energias estáticas e desarmoniosas. O homem moderno, que habita e trabalha em locais muitas vezes doentios e desequilibrados, vê-se privado dessa fonte maravilhosa de energia. A competitividade, o individualismo e o estresse das grandes cidades agravam esse quadro e favorecem o vampirismo energético, onde todos sugam e são sugados em suas energias vitais.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O melhor e o bom !

Estamos obcecados com " o melhor ". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do " melhor ".

Tem que ter o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.

Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com " o melhor ".

Isso até que outro " melhor " apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.

Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.

Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros ( Ah, os outros... ) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo. O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do " melhor " e a gente nem percebeu?

Texto de Leila Ferreira.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Criatividade de uma juíza frente ao amor de um pai.



Infelizmente, não posso dizer que isto me deu credibilidade ao Judiciário, pois acertam 01 e erram 01 milhão. Mas parabéns a estas pessoas, e principalmente ao Pai que tira forças de Deus para carregar sua cruz com vontade e confiança, homens deste
valor é que deveriam comandar o mundo. Pois o amor ao filho superou sua Carreira, dinheiro, condição social e muitos outros valores que para nos é imprescindivel para ser feliz.
Abraços

Assistam ao video, garanto que vai valer muito como aprendizado...

O amor incondicional de um pai, a criatividade de uma Juíza, a compreensão do sistema financeiro e seus advogados e, acima de tudo, a presença Divina para reunir as pessoas certas nos lugares certos...!!!
E para quem gosta de DIREITO, reflita sobre a diferença entre direito e justiça. Fiquei fã dessa Juíza Federal, que resgatou minha crença no Poder Judiciário.
Assista até o fim, pois se trata de uma lição de vida, em todos os sentidos!


http://daleth.cjf.jus.br/vialegal/materia.asp?CodMateria=1478

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quando a alma é boa....

Quando a alma é boa, ninguém liga para a cor da pele, origem, religião, grau de formação escolar e outros.

Um motorista de ônibus somaliano chamado Mukhtar na Dinamarca faz aniversário e vai trabalhar como em qualquer outro dia.
Ele esta nessa empresa de ônibus há muito tempo e faz a mesma linha desde então.
É querido por todos pela sua atenção e especialmente pelo sorriso que sempre carrega em seus lábios.
Vejam o que lhe prepararam a companhia e os passageiros ...
Esses movimentos nos trazem um fio de esperança de que o mundo possa mudar...



http://www.youtube.com/watch_popup?v=xgOyTNtsWyY

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sou branco; honesto, contribuinte, eleitor e heterossexual.Pra quê?

PARA SE PENSAR....

Ives Gandra da Silva Martins

Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.


Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.


Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências - algo que um cidadão comum jamais conseguiria!


Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', porque cumpre a lei.


Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.


E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?

Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.

Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.


Para os que desconhecem este é o Inciso IV do art. 3° da CF a que se refere o Dr. Ives Granda, em sua íntegra:

"Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."



Assim, volta a ser atual, ou melhor nunca deixou de ser atual, a constatação do grande Rui Barbosa:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Filho vc não merece nada!!!

Esse texto da Revista Época é longo, mas explica bem o que a geração que sempre afirmou :

-“ Vou dar ao meu filho tudo que eu não tive. ”

Leia a visão distorcida do que seja isso....

A crença de que a felicidade é um direito, tem tornado despreparada a geração mais preparada!!!

ELIANE BRUM*

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Grandes frases.

QUEM MANDOU VOCÊ ESTUDAR!!!


"Grandes frases" ditas por jogadores de futebol...

Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG.' (Mengálvio, ex-meia do Santos, em telegrama à família quando em excursão à Europa)

'Tanto na minha vida futebolística quanto com a minha vida ser humana.'
(Nunes, ex-atacante do Flamengo, em uma entrevista antes do jogo de despedida do Zico)

'Que interessante, aqui no Japão só tem carro importado.'
(Jardel, ex-atacante do Grêmio)

'As pessoas querem que o Brasil vença e ganhe.'
(Dunga, em entrevista ao programa Terceiro Tempo)

'Eu, o Paulo Nunes e o Dinho vamos fazer uma dupla sertaneja.'
(Jardel, ex-atacante do Grêmio)

'O novo apelido do Aloísio é CB, Sangue Bom.'
(Souza, meio-campo do São Paulo, em uma entrevista ao Jogo Duro)

'A partir de agora o meu coração só tem uma cor: vermelho e preto.'
(Jogador Fabão, assim que chegou no Flamengo)

'Eu peguei a bola no meio de campo e fui fondo, fui fondo, fui fondo e chutei pro gol.'
(Jardel, ex- jogador do Grêmio, ao relatar ao repórter o gol que tinha feito)

'A bola ia indo, indo, indo... e iu!'
(Nunes, jogador do Flamengo da década de 80)

'Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu.'
(Claudiomiro, ex-meia do Inter de Porto Alegre, ao chegar em Belém do Pará para disputar uma partida contra o Paysandu, pelo Brasileirão de 72)

'Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola.'
(Bradock, amigo de Romário, reclamando de um passe longo)

'No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias.'
(Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos)

'Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe.'
(Jardel, ex-atacante do Grêmio e da Seleção)

'O meu clube estava a beira do precipício, mas tomou a decisão correta, deu um passo a frente...'
(João Pinto, jogador do Benfica de Portugal)

'Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar.'
(Zanata, baiano, ex-lateral do Fluminense, ao comentar sobre a hospitalidade do povo baiano)

'Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático.'
(Vicente Matheus, eterno presidente do Corinthians)

'O difícil, como vocês sabem, não é fácil.'
(Vicente Matheus)

'Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão.'
(Vicente Matheus)

'O Sócrates é invendável, inegociável e imprestável.'
(Vicente Matheus, ao recusar a oferta dos franceses)

AGORA CHORE......COMPARE O SALÁRIO DELES COM O SEU.....

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Pq homem tem que pagar motel?

COMENTARIO MASCULINO:

Repasso este email com dor de barriga de tanto rir e ao mesmo tempo adorando as circunstâncias de entender as mulheres. Não sei a autoria, mas deve ser de uma MULHER muito bem resolvida (talvez, decidida). Por isso mantive os palavrões.

É muito bem escrito e bem didático... para Nós, homens.

*JANTAR COM A MULHER*

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas. O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam.

O que se passa nos bastidores. Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar.

Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'.
Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'.
Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia.
Evidentemente, você também para de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável.

*Primeira coisa*: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?'
Lei de Murphy. Sempre dá merda.
Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês aqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames.
Tomei no cu bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon!
Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino. OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé!

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc.
Eu não faço, mas conheço quem faça.

Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, virilha, sobrancelha etc, etc. Tem mulher que depila até o cu! Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Dia seguinte.
É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar).

Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Alias, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'. Não tem como, a gente não se arrumar, mesmo que eles não reparem.

Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho. Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem.
Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel.

Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica uma merda. Se for um desses dias em que seu corpo está uma merda e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'. O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas.

Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável.

Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa *'Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foooda'*. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar 'E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir.

Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável. *FATO*: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Exemplo: Vou com roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar! Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção.
Uma vez, um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro. Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.

Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...' Começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito. Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.

Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'.

Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muito grave! Eu fico puta, puta, PUTA da vida!
Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada. Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, GRAVE! DO TIPO...MORRER A MÃE OU O PAI TER UM AVC NO TRÂNSITO.

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa perfume, escova os dentes e vai Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata 'HUMMM... tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver. Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro) para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos dos pés, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino. Quando ele conta piadas e ri eu penso 'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'. A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.
Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca. Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:

Roupa....................................................R$ 200,00
Lingerie..................................................R$ 80,00
Maquiagem.............................................R$ 50,00
Sapato...................................................R$ 150,00
Depilação...............................................R$ 50,00
Mão e pé................................................R$ 20,00
Perfume..................................................R$ 180,00
Pílula anticoncepcional............................R$ 20,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$ 700,00 para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL? A gente gasta muito mais para sair com eles do que ele com a gente!

Por isto amigos, valorizem seu próximo encontro e aprendam um pouco mais, sobre este ser fantástico, chamado mulher.
*

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MULHERES INTELIGENTES QUE PRECISEM DAR UMAS RISADAS...e HOMENS CAPAZES DE LIDAR COM ISSO !!!

terça-feira, 19 de julho de 2011

A vida fora do Brasil

Como a classe média alta brasileira é escrava do "alto padrão" dos supérfluos.Nossa convidada de hoje da seção Mulheres no Mundo.
Adriana Setti

No ano passado, meus pais ( profissionais ultra-bem-sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde ) tomaram
uma decisão surpreendente para um casal - muito enxuto, diga-se - de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um
parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo
do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana.

Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente.

Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem
proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil.

Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre?

Não.

O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício
próprio.

"Quero uma vida mais simples como a sua", me disse um dia a minha mãe.

Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como "estagiários", o padrão de vida - mais austero e justo - da classe média europeia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro).

O dinheiro que "sobrou" aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.
Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente.

A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria abarriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para
comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos.

É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso
país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo
contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não
er carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais"sustentável".

Não doeu nada.Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava,cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês?

Porque o resultado desse experiment oquase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão devida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress amarras e muita complicação como efeitos colaterais.

E isso sem falar na questão moral e social da coisa. Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?).

Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso - e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa - acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a "vítima" se dê conta disso.

E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.

Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses - graças também, é claro, à minha vida de freelancer).

"Você está milionária?", me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou
nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex.

Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade.Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os
europeus - que viajam mais do que ninguém, são mestres na arte do savoirvivre e sabem muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.

PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas - que precisam do emprego no Brasil -, a queima dos sofás em L e nem achando que o "modelo
frugal europeu" funciona para todo mundo como receita de felicidade.

Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão "boa" para todos no Brasil, e que o "problema" que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns - por ser menor.

Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Toda mulher deve ler!

Crônica de Martha Medeiros

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo:

'Olha, não dá mais'.

Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'.

Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema.

Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida.

Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.

Até que algo sensacional aconteceu...

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele.

Ele quem mesmo???

Martha Medeiros

" NASCEMOS E MORREMOS SÓS... POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS ...É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!"

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O cérebro humano.

É por isso que temos que viajar e curtir muito. O cérebro não pode parar.

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado.

Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.

Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?
Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noçãode passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...

ROTINA

A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M(Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.




Aprenda uma nova língua, ou um novo instrumento

Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos ou animais de estimação (eles destroem a rotina)
Sempre faça festas de aniversário e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja Diferente!

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.... em outras palavras... V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado,não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

ESCREVA em TAmaNhos diFeRenTese em CorES
difErEntEs!

CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, INVENTE, REINVENTE...

V I V A !!!

sábado, 7 de maio de 2011

Lição de Fukushima!

A carta a seguir foi escrita por Ha Minh Thanh, um imigrante vietnamita que é policial em Fukushima no Japão, a seu irmão, mas acabou chegando a um jornal em Shangai que a traduziu e publicou.

Querido irmão,

Como estão você e sua família? Estes últimos dias tem sido um verdadeiro caos. Quando fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando os abro, também vejo cadáveres. Cada um de nós está trabalhando umas 20 horas por dia e mesmo assim, gostaria que houvesse 48 horas no dia para poder continuar ajudar e resgatar as pessoas.
Estamos sem água, eletricidade e as porções de comida estão quase a zero. Mal conseguimos mudar os refugiados e logo há ordens para mudá-los para outros lugares.

Atualmente estou em Fukushima – a uns 25 quilômetros da usina nuclear. Tenho tanto a contar que se fosse relatar tudo, essa carta se tornaria um verdadeiro romance sobre relações humanas e comportamentos durante tempos de crise.

As pessoas aqui permanecem calmas – seu senso de dignidade e comportamento são muito bons – assim, as coisas não são tão ruins como poderiam. Entretanto, mais uma semana, não posso garantir que as coisas acabem chegando a um ponto onde não poderemos dar proteção e manter a ordem de forma apropriada.

Afinal de contas, eles são humanos e quando a fome, a sede se sobrepõem à dignidade, farão o que tiver que ser feito para conseguir comida e água. O governo está tentando fornecer suprimentos pelo ar enviando comida e medicamentos, mas é como jogar um pouco de sal no oceano.

Irmão querido, houve um incidente realmente tocante que envolveu um garotinho japonês que ensinou a um adulto como eu, uma lição de como se comportar como um verdadeiro ser humano.

Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados.

Era uma fila muito longa e notei, no final dela, um garotinho de uns 9 anos que usava uma camiseta e um short. Estava ficando muito frio e fiquei preocupado se, ao chegar sua vez, poderia não haver mais comida. Fui falar com ele.

Ele contou que estava na escola quando o terremoto ocorreu. Seu pai, que trabalhava perto, estava se dirigindo para a escola para apanhá-lo e ele, que estava no terraço do terceiro andar, viu quando a onda tsunami levou o carro com seu pai dentro.

Perguntei sobre sua mãe e ele disse que sua casa era bem perto da praia e que sua mãe e sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram. Notei que virou a cabeça para limpar uma lágrima quando perguntei sobre sua família. O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre ele. Foi ai que a minha bolsa de bentô (comida) caiu. Peguei-a e dei-a a ele dizendo: “Quando chegar a sua vez a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Por que você não come”? Ele pegou a minha comida e fez uma reverência. Pensei que ele iria comer imediatamente, mas ele não o fez. Pegou a comida, foi até o início da fila e colocou-a onde todas as outras comidas estavam esperando para serem distribuídas.

Fiquei chocado. Perguntei-lhe por que ele não havia comido ao invés de colocar a comida na pilha de comida para distribuição. Ele respondeu: “Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuí-la mais igualmente”.

Quando ouvi aquilo, virei-me para que as pessoas não me vissem chorar. Uma sociedade que pode produzir uma pessoa de 9 anos que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior, deve ser uma grande sociedade, um grande povo.

Bem, envie minhas saudações à nossa família. Tenho que ir, meu plantão já começou.

Ha Minh Thanh

sábado, 30 de abril de 2011

Vamos falar mal de sertanejo?

É curioso...

Basta o sertanejo voltar à tona para as críticas apelativas voltarem. E diferentemente do que acontece com outros estilos, parece que qualquer declaração preconceituosa é aceita com a maior naturalidade.

Após mais uma entrevista boba do Lobão, ontem, dessa vez para a Folha, resolvi citar algumas declarações que mostram bem o nível de incômodo causado pelo sucesso da música sertaneja.

- Lobão, ontem, na Folha, disse que no Brasil há hoje uma “ invasão do agrobrega.”

Não custa lembrar que o sertanejo de hoje é muito mais animado do que romântico, e muito mais de classe alta do que de campo.

- Lobão, dois meses atrás, criticou o “ sertanejo universitário ” e disse que Luan Santana era “ uma coisa horrorosa ”, além de outros elogios não muito honrosos.

Essa história foi publicada num blog e rende comentários até hoje.

- No ano passado, o blog Radar Online, da Veja, definiu Luan Santana como “ fenômeno brega-adolescente da vez. ”

- O respeitado crítico Zuza Homem de Mello cunhou a seguinte frase:

“ Um compasso do João Gilberto vale muito mais do que toda a obra do Zezé di Camargo ”. Falei sobre essa passagem nesse texto aqui.

Os quatro exemplos acima são simples, frases que a gente lê por aí faz tempo.

Abaixo, no entanto, provavelmente estão as declarações mais infelizes de grande repercussão sobre música sertaneja.

Em outubro de 2000, Nelson Motta deu uma declaração que incomodou diversas duplas. Poucos anos atrás, no “ Altas Horas ”, o jornalista teve uma conversa “reconciliadora” com Zezé di Camargo e Luciano. Essa semana, ele está produzindo uma matéria sobre o novo sertanejo. A declaração, para a “ Isto É Gente ”, foi a seguinte:

“ Os critérios para avaliar uma música popular são melodia, letra, ritmo e harmonia. O sertanejo é praticamente zero em todos os quesitos. Reconheço até que o gênero tem alguns intérpretes de grande talento, que sabem cantar, mas as melodias são pobres e as letras são paupérrimas. O ritmo é praticamente inexistente, são baladas melancólicas. Em termos de harmonia o ritmo é indigente. Sobra muito pouco para o meu gosto, mas não quero convencer ninguém, só falo o que acho. ”

Além dessa, houve o desabafo de Lulu Santos ao vivo no Faustão. Revoltado com o governo Collor, que já estava em processo de impeachment, o músico disse que os sertanejos poderiam ir embora junto com o novo governo. A melhor frase do desabafo foi “eu tenho pavor desse tipo de música”. A declaração pode ser assistida clicando sobre a imagem abaixo, no finalzinho do vídeo.

Lembrando sempre que, a partir dos anos 1990, a música sertaneja feita por caipiras estranhos que cantavam fino em dupla, passou a ser a música dominante nas rádios e na TV.

Para encerrar, há ainda a música “ Odeio rodeio ”, do Chico César.

Só citar a primeira estrofe já basta:

Odeio rodeio e sinto um certo nojo
Quando um sertanejo começa a tocar
Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comungay.

A Igreja Cristã Contemporânea permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas

Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea.Enquanto uma poderosa bancada evangélica tenta bloquear direitos LGBT no congresso, uma modesta igreja carioca mostra que é capaz de amar ao próximo. Fundada por um casal gay evangélico, permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas com a orientação religiosa. Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea

A noite era de festa na Igreja Cristã Contemporânea. Kathyla chega esbaforida, sem tempo hábil para afinar o violão que daria o tom ao primeiro culto da nova sede, inaugurada no bairro de Madureira, subúrbio do Rio. “Kathyla tem uma história de vida muito interessante para contar, converse com ela”, entregou Cristiane Carvalho, a “intercessora” do movimento fundado por Marcos Gladstone, pastor, gay, dissidente da Igreja Evangélica Congregacional que desde 2006 arrebanhou mais de mil fiéis à sua instituição – onde prega os mesmos ensinamentos das pentecostais-padrão, com uma única exceção: não faz restrições a opções sexuais de seus seguidores.

Cristiane, a intercessora, isto é, responsável por toda a organização dos cultos, do sistema de som à acomodação do público, é casada há quatro anos com a “levitas” Silvia Guimarães, uma das vozes principais do coro. A cerimônia oficial––– aconteceu na igreja, com a bênção do pastor Marcos, que também batiza e prepara “diáconos”, sua versão para seminaristas, para assumir a função de pastores. Elas são mães de Vitória, 8 anos, adotada há três, que dançava e cantava na companhia de outras crianças, filhas biológicas ou não, ao lado dos pais, homossexuais ou não. Era, afinal, uma cerimônia normal, tal e qual se vê na TV, nos programas evangélicos que prometem recuperar alcoólatras, redirecionar prostitutas, ressuscitar criaturas apegadas ao vício do jogo e purificar traficantes. Por ali só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou “tratamento” nas outras igrejas – sem sucesso.

EX-EX-GAY

Marco Aurélio é um “ ex-ex-gay ”, desgarrado da Assembleia de Deus depois de ter sido desenganado pelo pastor, que, diante do quadro irreversível do “paciente”, recomendou que ficasse “na moita e casado com mulher”. Marco se trancou no armário por sete anos, casado. Mas não engoliu a chave. Abriu, saiu, se assumiu e há dois anos vive ao lado do homem de sua vida. “Meu pastor na época dizia que não existia gay na igreja”, lembra ele, que hoje é um dos diáconos que sonham em assumir o posto de pastor da Contemporânea. “Para ser pastor é preciso estar casado, é importante ver um casal no altar. Queremos ser referência de família”, explica Roberto Soares, pastor da filial de Belo Horizonte, casado há nove anos com Anderson Pereira. “Passamos aos fiéis nossos valores, orientamos sobre sexo, falamos de promiscuidade e traição”, conta Roberto. Ele é o cara da oratória. “É muito comum no meio gay o sexo sem compromisso e outros comportamentos que nos afastam do poder de Deus. Aceitamos o sexo antes do casamento, desde que feito com amor”, emenda Anderson, que também responde pelo louvor dos cultos na capital mineira. “Dividimos as funções no altar, é como funciona nossa igreja.” Mais ou menos assim: enquanto um canta e dança, o outro representa. “Costumamos ir à porta de boates e bares para evangelizar, vamos também às paradas gays. Mas não levantamos bandeira alguma, apenas discursamos em nome da boa conduta. E não praticamos leis condenatórias, como as outras igrejas”, diz Anderson.

Só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou " tratamento " em outras igrejas. Sem sucesso

Entende-se por boa conduta tudo aquilo que se vê nos preparativos inaugurais da nova igreja, localizada numa esquina residencial e tranquila, agora animada por vozes e acordes de uma turma que se arrumou com o maior esmero (todos de terno e gravatas felizes, com impecável nó Windsor) para orar e comemorar, com cantoria a mil decibéis, a inauguração de mais um templo livre de preconceitos e com os mesmos conceitos cristãos rezados por Edir Macedo e companhia. “ Foram eles que nos expulsaram da igreja, dizendo que somos a encarnação do demo, abomináveis, que vamos para o inferno ”, lamenta Fábio Inácio, casado com o fundador, Marcos Gladstone e um dos líderes da igreja no Rio de Janeiro.

É ele quem dá início ao culto inaugural, com meia hora de atraso. Tempo suficiente para Kathyla se aquecer e ler a partitura do dia. Ela chama a atenção no palco, morena de mais de metro e 80, idade não revelada – assim como seu nome registrado em cartório. Musicista, toca, além de violão, baixo e cavaquinho. Professora de canto, transexual, uma filha de 18 anos no currículo e um casamento hétero nas costas. “Sou divorciada e solteira”, avisa. Convertida há dez anos, “ era católica relaxante ”, Kathyla Valverde conta, já sentada na plateia, que tem “ uma trajetória na MPB ”, tendo trabalhado com Roberto Menescal, Carlos Lyra e Wanda Sá. Não como música, mas como assistente de produção. Já como Kathyla? “ Não, ainda não me chamava Kathyla. ” A propósito, fala-se Quêitila.

TRANS EM CRISTO
Vai começar o ritual. Nossa personagem abre a bolsa e saca um livro cor-de-rosa, shocking. É a Bíblia, adaptada para mulheres. A Bíblia da mulher que ora, de Stormie Omartian, é um best-seller no meio gospel que ajuda as fiéis do sexo feminino a aprofundar seu relacionamento com Deus ao intensificar a vida de oração. “Sou uma mulher presa no corpo de homem, por isso sou transgênero e não travesti”, explica, baixinho, para não atrapalhar o andamento do culto. “ Deus é perfeito, mas muitas pessoas nascem imperfeitas. Vou fazer a cirurgia de redesignação sexual no fim do ano, pelo SUS”, vibra. “ Sou uma privilegiada. ”

A conversa é interrompida por um número de dança, executado por uma fiel, heterossexual, loira e devidamente escondida sob mantos brancos que esvoaçavam no altar, tendo um adesivo de nuvens como pano de fundo. “ Ela é do Ministério da Dança ”, explica Kathyla. Fim da performance, é a hora de mais um, quer dizer, oito números musicais comandados por Fábio. Cantoria, palmas, coreografias, pulinhos e um grito de ordem “tira o pé do chão” embalam os fiéis, que levantam as mãos para o céu e, cada um à sua necessidade, fazem seus pedidos para o plano superior.

Jesus revelou que a orientação sexual é algo que jamais pode mudar. Foi construída por Deus

Descontração geral, louva-se a Deus em axé, samba e outros ritmos de rádio. O clima esquenta, literalmente. E o ar-condicionado já não dá vazão a tanta exaltação. Fábio, suado, encerra a apresentação e se dirige para os fundos do salão, onde uma mesa de som e vídeo registrava tudo para uso interno. “Muitas pessoas que estão aqui não podem aparecer, nem todo mundo é assumido”, diz Fábio, que nasceu e cresceu na Igreja Universal. Perdeu a fé aos 24 anos, “acreditava que Deus não me amava, passei a usar drogas, tomava ecstasy em boates”, e a reencontrou em 2006, quando conheceu Marcos. Juntos, fundaram a primeira sede, no terceiro andar de um sobrado no bairro da Lapa, no Rio, tradicional território de travestis e prostitutas da cidade.

“ A igreja nasceu e cresceu em torno do nosso amor”, diz Marcos, formado e pós-graduado em teologia pela Universidade Metodista Bennett do Rio de Janeiro. Como tantos outros líderes religiosos Brasil afora, também recebeu uma revelação divina. Em seu caso, na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, berço da militância gay. Lá, diz sua biografia, “o Senhor Jesus revelou que sua orientação sexual era algo que jamais poderia mudar ou fugir daquilo que foi constituído por Deus para ser”. Em 2002, de volta ao Brasil, onde havia deixado uma noiva a um pé do altar, se assume gay, rompe com sua igreja e conhece Fábio.

Casados desde 2009, estão às voltas com o processo de adoção de seu primeiro filho e com a inauguração de mais uma igreja, agora em Niterói, Estado do Rio. “Estamos crescendo e incomodando muita gente. Em nosso site, metade dos e-mails que recebemos é de pessoas xingando a gente de viado pra baixo”, reclama Fábio. Já são seis os templos liderados pela dupla. O céu é o limite. Passa das dez da noite, mais de três horas de culto. Kathyla entrega seu cartão de visitas, “para caso haver alguma dúvida”, guarda a viola na sacola, retoca o batom, “afinal, estou sendo fotografada”, e toma seu ônibus de volta para casa. “Tive um dia cheio, estou exausta. Não vejo a hora de descansar, afinal, sou filha de Deus.”

Todos nós somos, Kathyla.

Preferência por um filho.

Preferência por um filho é normal, mas favorito pode ser mais inseguro

Não sinta culpa se você se identifica mais com um dos seus filhos (só não deixe as crianças notarem)

É provável essa matéria tenha o efeito de um soco no estômago (e um aperto no coração) nos mais sensíveis. Afinal, na teoria, os pais amam igualmente todos os seus filhos. Mas, na prática, a dinâmica familiar não funciona conforme determinadas regras. Ou você não conhece algum caso de pais que preferem um dos filhos, mesmo que não se deem conta disso?

Desde que a psicóloga norte-americana Ellen Libby lançou “The Favorite Child” (“A Criança Favorita”, em tradução livre), em 2010, o debate entre os especialistas aumentou (e muitos concordam com ela). Ellen, que acumula 30 anos de prática clínica, diz que ter um filho favorito não é uma violação de um código moral. “Um pai não é igual a uma mãe. E um filho não é igual ao outro”, escreveu. Segunda ela, os motivos que levam pais a elegerem determinado rebento como queridinho são vários.

Um deles, é claro, diz respeito ao primeiro filho, a criança que veio ao mundo para transformar aquele casal em pais. Mas é comum que o posto seja roubado, futuramente, pelo caçula –que também está sujeito a perder o título se um terceiro herdeiro chegar ao mundo e assumir o posto de mais novo.

Ellen Libby considera outros fatores determinantes: o sexo da criança, pois, em famílias conservadoras ou machistas, o primeiro filho homem é um orgulho e tanto; o fato do filho se parecer com a família do pai ou da mãe; a demonstração de habilidades que os pais gostariam de ter, o que impulsionaria o mecanismo da projeção.

Para o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Paulista de Medicina (APM), a abordagem de “The Favorite Child” é superficial em alguns aspectos. “Ela não se aprofunda em uma questão essencial, que é a da personalidade da criança. Muitas vezes, os pais acabam se identificando com o filho mais cordato e fácil de lidar, que faz tudo o que eles querem. O filho de personalidade forte acaba sendo preterido”, afirma.

O psiquiatra diz, ainda, que, ao contrário do que o senso comum poderia imaginar, o filho preferido nem sempre é o mais feliz e pode crescer inseguro. “Essa criança vive com medo decepcionar os pais e carregar um sentimento de culpa por não corresponder às expectativas que nela são depositadas. Ao crescer, pode se tornar um adulto perfeccionista e problemático”, alerta. Bottura diz, porém, que nem sempre a criança é capaz de identificar a preferência do pai ou da mãe.

“Em famílias grandes, é comum que as crianças sempre se considerem preferidas, nunca as favoritas.” Ainda segundo o especialista, por não contarem com a maior fatia da atenção e dedicação da família, os preteridos acabam desenvolvendo mecanismos para sobreviver, ou seja, se tornam mais independentes, ativos, audazes e emocionalmente saudáveis.


Em famílias grandes, é comum que crianças se considerem preferidas, nunca favoritas

No livro, Ellen Libby discorre sobre o fato de a preferência mudar conforme os acontecimentos e as fases das crianças. “Não vejo isso como algo benéfico, mas pode ser favorável no caso dos filhos que precisam de maior atenção ou cuidado”, comenta a educadora e mediadora de conflitos Suely Buriasco, de São Paulo. São os períodos, por exemplo, de doença, dificuldade nos estudos, problemas de relacionamento interpessoal etc.

“Para mim, esse tipo de relação, eterna ou temporária, será prejudicial à família sempre que representar cisão, divisão ou rompimento emocional com os outros filhos”, completa Suely, que alerta para o fato de que demonstrar explicitamente a preferência é muito mais grave do que ter. “Uma afinidade velada não traria grandes danos à família, diferente da que se evidencia.”

Via de regra, a questão da preferência acomete boa parte das famílias, mas é comum os pais não admitirem o favoritismo. “Ou até admitem, mas não aceitam. Admitir essa verdade inconveniente não é tarefa fácil, mas pode ser uma ação libertadora, pois possibilita o diálogo”, destaca Wimer Bottura.

Assumir o favoritismo para si mesmo, sem culpa, e policiar as atitudes para evitar que a preferência seja evidente para os outros pode preservar a família. “Para tanto, é necessária a compreensão de que esse sentimento não o afasta dos outros filhos, não os fazem menos amados ou importantes. Simplesmente existe mais afinidade com um deles”, conclui Suely.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fome!

VIDEO PREMIADO NA ALEMANHA...

" Galinha à la Carte ."

Uma história real.

Este curta metragem foi eleito como melhor no Festival Alemão por votação do público.

O tema era Comida, Sabor e Fome

Impressionante!!!!

Dê um clique abaixo sem medo!

E ... AGRADEÇA SEMPRE O PRIVILÉGIO DE COMER BEM E COM FARTURA!!!

http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Carte

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Japão - Monja Coen.

Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.

Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras. A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.

Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.

Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.

Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.

Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.

Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.

Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.

Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.

Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)
Monja Coen

A amizade pode morar ao lado.

O diretor de condomínios do Secovi-PR, em Maringá, Junzi Shimauti, diz ser frequente ouvir reclamações de moradores que não "se trombam" com os vizinhos em diversos condomínios residenciais. Uma das principais reclamações é o barulho que vem da casa ou do apartamento vizinho, seja ele o som do violão depois das 22 horas, o "toc toc" do salto alto em pleno raiar do dia, às 6 horas da manhã, e outras alegações.


Mas isso não é problema que perturba os vizinhos Carlos Sandoli, representante comercial, e Antonio Ramiro Dias Tavares, servidor estadual.


Há mais de dez anos dividindo o espaço comum em um condomínio horizontal de Maringá, os dois foram além da prática da boa vizinhança e se tornaram verdadeiros amigos.


"Não há interesse em nossa amizade, ninguém faz nada pensando em retorno. O Ramiro é meu amigo de verdade e, quando preciso dele, está pronto para ajudar", diz Sandoli, sentado confortavelmente no sofá do amigo. Aliás, ele parecia se sentir em casa, mesmo estando na casa do vizinho-amigo.


Enquanto se cumprimentavam para as fotos, a mulher de Tavares aproveitou para cutucar a verdadeira amizade dos dois: "são mais do que amigos, são uns puxa-sacos. Eu e a mulher do Carlos nunca temos razão contra eles. Parecem o Lula e a Dilma", brinca.


Esse clima de amizade não é só entre os dois condôminos. Segundo Sandoli, mais de 70% dos moradores de todo o condomínio mantêm verdadeira relação de amizade, que rende frequentes e animados almoços.


"Aqui é assim. De repente um sai para fora de casa, vai regar o jardim, pega uma cadeira e, quando vê, já tem uma roda de amigos formada fazendo um happy hour dentro de casa", revela Tavares.


Os filhos dos moradores também adoram a ideia de poder cultivar amizades sem precisar sair de casa. Além dos pequenos de Sandoli e Tavares, que estudam no mesmo colégio, outros jovens do condomínio cultivam amizades. Fica mais fácil para os pais, que se revezam para levar a garotada ao colégio.


Segundo o diretor do Secovi, uma boa tática para começar uma relação mais amistosa entre vizinhos - que só se cumprimentam dentro do elevador, por exemplo - é a organização de eventos de confraternização. Mas isso, garante ele, tem que partir do síndico, que deve tomar à frente na promoção desse tipo de evento.


"Fazer um churrasco entre os vizinhos ou um bolinho para os aniversariantes do mês são alternativas. Ou então tentar reunir o pessoal em prol de uma causa beneficente, como uma campanha de arrecadação de agasalho. Isso vai criar uma simpatia entre os vizinhos e, quando for preciso resolver alguma questão que esteja incomodando um ou outro, isso se torna bem mais fácil", garante Shimauti.


Ele revela que os problemas entre vizinhos acabam se resumindo sempre à falta de respeito de um pelo espaço do outro. E afirma que, além das reclamações mais comuns, como barulho, animais no condomínio ou problemas com os espaços na garagem, algumas situações envolvendo dinheiro também significam falta de respeito e invasão de espaço entre vizinhos.


"Se eu não pago meu condomímio em dia, estou faltando com o respeito pelo vizinho também. Afinal, o dinheiro do condomínio é um rateio para cobrir as despesas de todos. Se eu não conserto uma torneira quebrada no meu apartamento, não estou apenas me prejudicando, mas estou também afetando o orçamento dos vizinhos com o desperdício de água", afirma o diretor.


Shimauti menciona ainda que o comportamento antissocial das pessoas em um condomínio extrapolam qualquer regimento interno e são previstas no Código Civil, o que pode resultar em multas de até cinco vezes o valor da taxa de condomínio, segundo o artigo 1.337.



Seja um bom vizinho


Está no Código Civil, no artigo 1.337: comportamento antissocial pode acarretar multa de até cinco vezes o valor da cota condominial. E a reiteração do ato pode resultar em punição de até dez vezes. Se liga, mala!


Fale com seu vizinho, numa boa, se algo está incomodando. Caso entenda que isto provocará uma situação constrangedora, peça auxílio para o síndico e zelador, que poderá dar uns toques para ele. Só os casos que extrapolam as leis do condomínio, como roubo e assédio, devem ser levados à Justiça.


Você já ouviu falar dos 5 Cs problemáticos da lei da vizinhança?


Então se ligue aos itens: cano, cachorro, carro, criança e cobertura.


Não pense que todos gostarão de ficar vendo o seu "corpicho" nu. Evite a nudez fechando as cortinas e saiba que o vizinho incomodado pode reclamar inclusive judicialmente.


Dentro de casa, evite andar com sapatos de salto alto ou arrastar móveis.


Respeite os espaços na garagem.


Controle os latidos do seu cão, limpe todas suas sujeiras em áreas sociais, tome cuidado com as crianças e, no elevador, leve-os no colo.

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