quinta-feira, 31 de março de 2011

Poesia de um aluno da APAE.

Esse poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade de excepcional. Excepcional é a sua sensibilidade!!!!!

Ele tem 28 anos, com idade mental de 15.

Ilusões do Amanhã

'Por que eu vivo procurando um motivo de viver,

Se a vida às vezes parece de mim esquecer?

Procuro em todas, mas todas não são você.

Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você.

Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar,

Me machucando pra valer.

Atrás dos meus sonhos eu vou correr.

Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.

Se a vida dá presente pra cada um,o meu, cadê?

Será que esse mundo tem jeito?

Esse mundo cheio de preconceito.

Quando estou só, preso na minha solidão,

Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,

Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.

Talvez eu seja um tolo,

Que acredita num sonho.

Na procura de te esquecer,

Eu fiz brotar a flor.

Para carregar junto ao peito,

E crer que esse mundo ainda tem jeito.

E como príncipe sonhador...

Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.'


PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)

Nota:

Peço que divulguem para prestigiá-lo.

Se esse garoto com todas as barreiras que ele encontra, acredita

tanto no amor, por que a maioria das pessoas que se dizem 'normais'

procuram, ao contrário, negar a existência deste mesmo amor?

Elaine Betim.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Media for all.

Há coisas que me tocam profundamente nesta vida...
Poder conviver com as pessoas com deficiência é uma delas.

http://www.youtube.com/embed/-fBaXLLS6dE ( Excelente! Assista ao vídeo, vale a pena! )

Desde pequena, aprendi a dividir os meus brinquedos com um irmão Dow
E o mais legal é que eu aprendi a abraçar com mais força, rir sem medo, olhar nos olhos sempre e nunca desistir, por mais difícil que seja a caminhada.

Hoje, sou uma profissional que pensa e faz mídia, o tempo todo. Nos bastidores de uma TV, com profissionais que lidam muito com a voz, com quem vive para a internet, com estrangeiros que precisam falar bem a língua portuguesa. Respiro comunicação.
Só que o que foi plantado dentro da gente durante a infância, fica pra sempre. É por isso que eu não consigo imaginar um mundo que não seja pra todo mundo, que não seja plural, igualitário e mais humano.

Por que as pessoas não entendem de uma vez por todas que a mídia brasileira é deficiente e não inclui?

Pessoas cegas precisam da audiodescrição –um recurso de acessibilidade onde um profissional descreve imagens, cenas, expressões faciais, e que já existe nos Estados Unidos e na Europa desde a década de 80!

Pessoas surdas precisam do intérprete de Libras, a língua brasileira dos sinais –que não é universal e possui sinais diferentes de acordo com a região em que se vive. Parecido com o sotaque ou com palavras típicas de uma região.

Pessoas com deficiência auditiva, que falam, usam aparelho auditivo e leem bem, precisam da legenda.

Três recursos de acessibilidade que fariam a alegria de milhões de brasileiros, mais precisamente, 6 milhões de surdos e 16 milhões de pessoas cegas.

A Folha dá o primeiro passo. Faz vídeos inclusivos e lança este blog com a intenção de reunir gente que pode melhorar o mundo. Queremos fazer história.

Para isso, precisamos ser muitos, milhares, milhões...

Se você está lendo este texto, saiba que você também faz parte desse todo!

Você pode multiplicar estas informações...

Faça a sua parte e divulgue!

terça-feira, 22 de março de 2011

Solidão contente.

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas...

Ivan Martins - É editor-executivo de ÉPOCA

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “ solidão feminina ” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Juntar bugigangas.

JUNTAR BUGIGANGA PODE SER SINTOMA DE TOC OU DEPRESSÃO ?

Aqui a matéria na íntegra da entrevista para Juliana Vines do jornal "Folha de São Paulo"

Não existe vida nem história sem objetos, dizem os antropólogos. Isso explica os museus, as coleções de selo e até a pilha de revistas no canto da estante.

Não explica, porém, como e por que cada vez mais há quem adore ( e estoque ) bugigangas que, segundo a definição do dicionário, já deveriam estar no lixo.

" Objetos são muito mais simbólicos do que funcionais. Eles têm valor afetivo ", diz o antropólogo Everardo Rocha, da PUC-Rio.

" Cada um quer ser curador da própria vida, ter uma coleção imensa de objetos. Muitas pessoas não sabem mais o que é lixo e o que não é. "

A antropóloga e pesquisadora da Unicamp Valéria Brandini diz que os objetos carregam escolhas. Por isso é tão difícil jogar fora algo que, para os outros, não passa de quinquilharia.

"Livrar-se de uma roupa velha pode significar perder uma parte de você, mesmo sabendo que aquilo pode ser útil para alguém."

De acordo com a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, da Associação Brasileira de Psiquiatria, o colecionismo ( mania de guardar objetos ), quando em excesso, pode ser sintoma de transtorno obsessivo - compulsivo ou estar associado a depressão.

Essas pessoas guardam dúzias de garrafas PET, escovas ou pilhas de enlatados. "Sempre há uma justificativa. Elas dizem que pode ser útil, que vão usar no futuro. Mas, no fim, nunca usam."

O psiquiatra Alvaro Ancona de Faria, da Unifesp, explica que ter um histórico de dificuldades financeiras pode desencadear o problema. " É um tipo de insegurança. Como se ela precisasse ter gasolina de reserva mesmo com o tanque cheio. "

Segundo Hounie, é difícil diferenciar o colecionismo saudável do transtorno. Muitas vezes, além de guardar, a pessoa compra sem controle.

Os casos mais extremos aparecem com a Síndrome de Diógenes --uma referência ao filósofo grego que vivia dentro de um barril. Quem tem a síndrome vive no meio do lixo, com pouca atenção à higiene, em um ato de autonegligência.

" Há pessoas ricas assim. É um transtorno difícil de ser tratado porque quem tem não se incomoda", afirma a psiquiatra Bárbara Perdigão, autora de um artigo sobre o assunto publicado na última edição do "Jornal Brasileiro de Psiquiatria".

Muitas vezes, nem terapia resolve. E, quando a casa é limpa, pouco tempo depois já volta a ficar como antes.

ENTÃO LIBERA: Não é preciso ser tão minimalista, mas para a filosofia chinesa do Feng Shui, já passou da hora de dar destino às coisas inúteis que você insiste em dizer que não são lixo.

" Objetos sem utilidade ocupam espaço físico e mental e dificultam a organização das ideias", diz a organizadora Cristina Papazian, bagunça é sinal de que algo está sobrando. "O descarte é o primeiro passo da organização ", afirma.

Segundo ela, todo mundo sempre tem algo no fundo do armário que não usa. Mesmo as pessoas mais organizadas e menos consumistas.

" Roupa velha é o que mais guardam. A peça não serve, está fora de moda, e a pessoa pensa que vai voltar a usar um dia. Só se for a uma festa do ridículo. "

DESCARTE SEM PENSAR: Tudo o que estiver quebrado ou velho demais. Vale para louças amareladas, panelas e potes de plástico sem tampa (ou tampas sem potes de plástico) e roupas velhas

PASSADO: Com alimentos e cosméticos é simples: passou a data de validade, lixo. Mas travesseiros, plásticos e escovas de dentes também vencem. Potes plásticos costumam ter validade de dois anos

NÃO COMPENSA: O conserto pode sair mais caro do que comprar um novo. É o caso de casacos de pele, peças de couro ou de verniz. A maioria dos eletrodomésticos também é descartável, como aparelhos de DVD e liquidificadores

PARADOS: Se você comprou faz um tempo e nunca usou, provavelmente nunca vai usar. Se você já usou, há uma tolerância. Alguns dizem que, para roupas, o prazo é dois anos. Para utensílios de cozinha, um ano

VÁRIOS DO MESMO: Três xampus pela metade, esmaltes da mesma cor e cremes iguais. Separe dois ou três e se livre do resto. Revistas e jornais com matérias não lidas podem ser recortados e guardados. Por que não imprimir receitas em vez de guardar pilhas de revistas que têm só uma receita boa?

PURGATÓRIO: Quando não tiver certeza se vai usar ou não um objeto, separe e deixe em um local visível por um tempo, como se estivesse de castigo. Coloque um limite de tempo (um mês, por exemplo). Se não usar durante esse tempo, é melhor doar

LIBERADOS: As exceções para as regras de uso são os sobretudos, casacos clássicos, agasalhos usados em viagens internacionais ou roupas esportivas (mergulho ou esqui) usadas em viagens. Livros de estimação e utensílios de cozinha temáticos e sazonais como formas de biscoito de Natal também são perdoados.

terça-feira, 15 de março de 2011

Burro velho não aprende!

Içami Tiba

Não acreditem neste velho ditado popular: “ Burro velho não aprende! ”

São quatro grandes besteiras ditas em quatro palavras.

1. Burro não é “burro”, é um muar mais inteligente e resistente do que o cavalo;

2. Burro “ velho ” é usado como teimoso, só porque ele faz o que ele quer e não o que o seu patrão manda;

3. Não aprende; solte-o num pasto nunca dantes frequentado por ele e ele aprenderá rapidinho o melhor caminho para o melhor pasto;

4. A frase toda é mentirosa, preconceituosa e totalmente depreciativa. Quando chamamos alguém de burro, estamos ofendendo o burro. 5. Quem aceita este ditado para si, interrompe com ele o seu próprio futuro com projetos e sonhos para viver o presente sem realizações, baseando-se somente num passado que se tornou obsoleto.

Aqui vão alguns dados que demonstram que os velhos aprendem, sim, quando lhes interessa:

1. Os motoristas de taxi de Londres são submetidos a rigorosos testes de conhecimento do mapa do trânsito da cidade para poderem trabalhar. Colocando tais taxistas em um exame de angiologia cerebral, existe uma grande ativação e um aumento de tamanho no córtex parahipocampal direito, quando se pede que pensem num trajeto. Estes motoristas de tanto usarem esta área aumentaram-na inclusive de tamanho! Trata-se de uma pesquisa em andamento. Se assim for, o não uso do cérebro pode atrofiá-lo? Perguntas, temos muitas, mas as respostas são poucas. Ou seja, é um excelente campo para a pesquisa científica...

Para entender melhor o parágrafo anterior vou fazer uma comparação entre o taxista londrino e um taxista que nunca tenha dirigido em Londres. O segundo leva muito mais tempo do que o primeiro para aprender um caminho novo.

2. Qualquer médico especialista, antigo em idade, mas atualizado na sua profissão, em um instante aprende as novidades que surgem se de fato lhes interessarem. Aprendem até mais depressa que outros colegas de qualquer idade que não são especialistas. Atualizado significa que nunca deixou de aprender todas as novidades que surgiam no seu ramo, inclusive as surgidas na informática, como a Internet, o Google e sites de relacionamentos...

3. Os neurônios da memória envelhecem e tornam-se mais lentos no processo de memorização. A neurociência descobriu que estes neurônios, verdadeiros hardware, reproduzem neurônios filhotes, como se fossem software, que memorizam provisoriamente dados e vão lentamente passando para hardware, dando-lhe o tempo necessário para o aprendizado. Uma vez cumprida a missão, eles desaparecem. Assim, os velhos podem levar mais tempo para aprender do que os jovens, mas uma vez aprendido e praticado passa a ser mais experiente.

No meu livro “ Família de Alta Performance ”, na página 213, dedico à Ginástica mental, verdadeiros exercícios cerebrais com a finalidade de criar novas sinapses entre os neurônios, onde se alojam a Inteligência e a Capacidade de Aprender, e a” desenferrujar ” as que estão perdendo suas funções por falta de uso.

Parar de aprender é antinatural no desenvolvimento do ser humano e pode ser resultado de depressão, falta de estímulo, baixa autoestima, conformação com a ignorância, perda de esperança, descrença na vida, pois a aprendizagem só acaba quando a pessoa morre.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Eis o perigo de lidar com pessoas inteligentes.

NOS DEDOS DA HIPOCRISIA.....

Cuidado o perigo de mexer com pessoas inteligentes...

Danilo Gentili (CQC) e sua resposta :

O humorista Danilo Gentili postou a seguinte piada no seu twitter:

" King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol? "

A ONG Afrobras se posicionou contra: "Nos próximos dias devemos fazer uma carta de repúdio. Estamos avaliando ainda uma representação criminal", diz José Vicente, presidente da ONG. "Isso foi indevido, inoportuno, de mau gosto e desrespeitoso. Desrespeitou todos os negros brasileiros e também a democracia. Democracia é você agir com responsabilidade" , avalia Vicente.

Alguns minutos após escrever seu primeiro "twitter" sobre King Kong, Gentili tentou se justificar no microblog: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?" (GENIAL) "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito. "

Mas, calma! Essa não foi a tal resposta genial que está no título, e sim ESTA:

"Se você me disser que é da raça negra, preciso dizer que você também é racista, pois, assim como os criadores de cachorros, acredita que somos separados por raças. E se acredita nisso vai ter que confessar que uma raça é melhor ou pior que a outra, pois, se todas as raças são iguais, então a divisão por raça é estúpida e desnecessária. Pra que perder tempo separando algo se no fundo dá tudo no mesmo?

Quem propagou a ideia que "negro" é uma raça foram os escravagistas. Eles usaram isso como desculpa para vender os pretos como escravos: "Podemos tratá-los como animais, afinal eles são de uma outra raça que não é a nossa. Eles são da raça negra".
Então quando vejo um cara dizendo que tem orgulho de ser da raça negra, eu juro que nem me passa pela cabeça chamá-lo de macaco, mas sim de burro.

Falando em burro, cresci ouvindo que eu sou uma girafa. E também cresci chamando um dos meus melhores amigos de elefante. Já ouvi muita gente chamar loira caucasiana de burra, gay de v***** e ruivo de salsicha, que nada mais é do que ser chamado de restos de porco e boi misturados.

Mas se alguém chama um preto de macaco é crucificado. E isso pra mim não faz sentido. Qual o preconceito com o macaco? Imagina no zoológico como o macaco não deve se sentir triste quando ouve os outros animais comentando:
- O macaco é o pior de todos. Quando um humano se xinga de burro ou elefante dão risada. Mas quando xingam de macaco vão presos. Ser macaco é uma coisa terrível. Graças a Deus não somos macacos.

Prefiro ser chamado de macaco a ser chamado de girafa. Peça a um cientista que faça um teste de Q.I. com uma girafa e com um macaco.. Veja quem tira a maior nota.

Quando queremos muito ofender e atacar alguém, por motivos desconhecidos, não xingamos diretamente a pessoa, e sim a mãe dela. Posso afirmar aqui então que Darwin foi o maior racista da história por dizer que eu vim do macaco?

Mas o que quero dizer é que na verdade não sei qual o problema em chamar um preto de preto. Esse é o nome da cor não é? Eu sou um ser humano da cor branca. O japonês da cor amarela. O índio da cor vermelha. O africano da cor preta. Se querem igualdade deveriam assumir o termo "preto" pois esse é o nome da cor. Não fica destoante isso: "Branco, Amarelo, Vermelho, Negro"?. O Darth Vader pra mim é negro. Mas o Bill Cosby, Richard Pryor e Eddie Murphy que inspiram meu trabalho, não. Mas se gostam tanto assim do termo negro, ok, eu uso, não vejo problemas. No fim das contas, é só uma palavra. E embora o dicionário seja um dos livros mais vendidos do mundo, penso que palavras não definem muitas coisas e sim atitudes.

Digo isso porque a patrulha do politicamente correto é tão imbecil e superficial que tenho absoluta certeza que serei censurado se um dia escutarem eu dizer: "E aí seu PRETO, senta aqui e toma uma comigo!". Porém, se eu usar o tom correto e a postura certa ao dizer "Desculpe meu querido, mas já que é um afro-descendente, é melhor evitar sentar aqui. Mas eu arrumo uma outra mesa muito mais bonita pra você!" Sei que receberei elogios dessas mesmas pessoas; afinal eu usei os termos politicamente corretos e não a palavra "preto" ou "macaco", que são palavras tão horríveis.

Os politicamente corretos acham que são como o Superman, o cara dotado de dons superiores, que vai defender os fracos, oprimidos e impotentes. E acredite: isso é racismo, pois transmite a ideia de superioridade que essas pessoas sentem de si em relação aos seus "defendidos" .

Agora peço que não sejam racistas comigo, por favor. Não é só porque eu sou branco que eu escravizei um preto. Eu juro que nunca fiz nada parecido com isso, nem mesmo em pensamento. Não tenham esse preconceito comigo. Na verdade, sou ítalo-descendente. Italianos não escravizaram africanos no Brasil. Vieram pra cá e, assim como os pretos, trabalharam na lavoura. A diferença é que Escrava Isaura fez mais sucesso que Terra Nostra.

Ok. O que acabei de dizer foi uma piada de mau gosto porque eu não disse nela como os pretos sofreram mais que os italianos. Ok. Eu sei que os negros sofreram mais que qualquer raça no Brasil. Foram chicoteados. Torturados. Foi algo tão desumano que só um ser humano seria capaz de fazer igual. Brancos caçaram negros como animais. Mas também os compraram de outros negros. Sim. Ser dono de escravo nunca foi privilégio caucasiano, e sim da sociedade dominante. Na África, uma tribo vencedora escravizava a outra e as vendia para os brancos sujos.

Lembra que eu disse que era ítalo-descendente? Então. Os italianos podem nunca ter escravizados os pretos, mas os romanos escravizaram os judeus. E eles já se vingaram de mim com juros e correção monetária, pois já fui escravo durante anos de um carnê das Casas Bahia.

Se é engraçado piada de gay e gordo, por que não é a de preto? Porque foram escravos no passado hoje são café-com-leite no mundo do humor? É isso? Eu posso fazer a piada com gay só porque seus ancestrais nunca foram escravos? Pense bem, talvez o gay na infância também tenha sofrido abusos de alguém mais velho com o chicote.

Se você acha que vai impor respeito me obrigando a usar o termo "negro" ou "afro-descendente" , tudo bem, eu posso fazer isso só pra agradar. Na minha cabeça, você será apenas preto e eu, branco, da mesma raça - a raça humana. E você nunca me verá por aí com uma camiseta escrita "100% humano", pois não tenho orgulho nenhum de ser dessa raça que discute coisas idiotas de uma forma superficial e discrimina o próprio irmão.

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