terça-feira, 18 de agosto de 2009

Uma caixa que ajuda narrar histórias.

Contos de fadas já conhecidos, um cenário de papelão e personagens colados em palitos de sorvete.

Com a ajuda desse material, a turma de Deborah adquiriu desenvoltura para se expressar oralmente.

Alunos de Deborah manipulam os fantoches: projeto incentivou a moçadinha a falar mais.

A turminha de 4 anos de Deborah Santos Soares da Silva, 45 anos, professora da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim Monte Belo, em São Paulo, não era muito falante.

Um ou outro, de vez em quando, narrava algum fato acontecido em casa ou na escola.

Mas era difícil para os 35 pequenos se expressarem quando ela pedia comentários ou opiniões sobre os temas das aulas.

Para que superassem essa dificuldade, Deborah, que leciona há seis anos, decidiu criar situações em que eles sentissem vontade de falar.

Propôs a montagem de caixas de histórias que servissem de cenário para a narração de contos. Os personagens seriam representados em forma de fantoches.

"A caixa foi a motivação que faltava para os pequenos perderem a timidez, adquirirem confiança e criarem diálogos", afirma.


Passo-a-passo e metodologia

1. A escolha do conto

No começo do projeto, ninguém sabia muito bem o que vinha a ser uma caixa de histórias. Deborah resolveu não revelar tudo de uma vez, deixando a curiosidade e a expectativa da turma também darem uma força ao projeto.

O primeiro passo foi escolher a história que seria montada - e ela precisaria necessariamente agradar a todos para haver envolvimento.

Em roda, a criançada elaborou uma lista com os contos preferidos, ditando-os para a professora. Ela escreveu os títulos em papel pardo, atuando como escriba da turma.

Na aula seguinte aconteceu a votação para eleger a primeira aventura que seria estudada e encenada na caixa.

Chapeuzinho Vermelho ganhou disparado.

2. Leitura em voz alta e decoração.

Escolhido o enredo, a professora decidiu reservar um dia por semana para o projeto. Durante várias segundas-feiras, Deborah leu em voz alta diferentes versões da menina perseguida pelo Lobo Mau. Primeiro sem mostrar as figuras, para que as crianças imaginassem as cenas, os personagens e as situações vividas por eles. Em um segundo momento, ela começou a mostrar as ilustrações. Quando os alunos ficaram familiarizados com a narrativa, foi a hora de partir para a confecção do cenário que revestiria internamente a caixa (ela reutilizou uma que vem com a merenda escolar). Todos começaram, então, a desenhar os ambientes em que se passa a história e os personagens: o Lobo, a Vovó, o Caçador e Chapeuzinho. Cada um escolheu o material que desejava usar - lápis de cor, giz de cera e canetas hidrográficas de diversos tipos.

Deborah cortou a caixa de modo que a frente e as laterais se abrissem e ficassem em formato de um minipalco. A tampa foi mantida para que, após o uso, os fantoches pudessem ser guardados. As crianças ajudaram a encapar a caixa com papéis variados e com os próprios desenhos. Elas escolheram, também por votação, as imagens que foram usadas para decorá-la. Os personagens ganharam forma com a colagem dos desenhos em palitos de sorvete.

3. Hora de contar histórias

Os mais desinibidos foram os primeiros a se oferecer para testar a novidade. Eles revezavam-se na atividade e, ao mesmo tempo que desenvolviam a oralidade, serviam de modelo para os mais tímidos, que também se arriscaram a fazer os recontos no final do projeto. Com o grande interesse da turma, a professora propôs a confecção de outra caixa. Ela retomou o processo de escolha e João e Maria foi o conto eleito. Já sabendo como tudo funcionava, nessa segunda vez a turma caprichou na narração da história e trabalhou com mais autonomia. Na hora da atividade oral, todos mostraram mais desenvoltura do que no começo do projeto. A fala já estava mais fluente, recheada de novas palavras e de detalhes sobre as situações e os personagens. As imagens e os cenários ficaram mais coloridos. As duas caixas - e outras que foram construídas depois - viraram brincadeira e, no final do ano, formavam um dos cantinhos da sala. Um canto que estimula a oralidade, o raciocínio e a expressão artística.

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