As modulações bioquímicas influenciam a dinâmica cerebral e o estado de espírito; satisfação está relacionada à liberação dos “ hormônios da expectativa. ”
No fim do ano, as vitrines decoradas das lojas nos lembram que o Natal está chegando. E quanto mais próxima a data, maior o frenesi de consumo.
Muitos são tomados pelo receio de não conseguir concluir as compras a tempo e de não serem capazes de escolher os presentes adequados para cada pessoa.
Por que esse estado de espírito numa época em que deveriam coexistir o prazer de dar e o de receber?
Essa angústia se deve ao fato de as festas enunciarem, de forma explícita ou não, a existência de vínculos – ou a ausência deles.
A escolha de uma lembrança e a hora em que é oferecida estão inseridas em uma complexa demonstração social – com múltiplas formas de troca – que oferece pistas sobre aspectos psíquicos, relações familiares e laços sociais.
No momento em que recebemos uma lembrança que corresponde às nossas expectativas sentimos uma onda de prazer, uma ação que reside em conjuntos de neurônios específicos.
Surgidos ao longo da evolução, eles cumprem uma função crucial: a manutenção da vida.
Os sistemas cerebrais que mais influenciam o comportamento são os que nos levam a satisfazer as necessidades vitais (comer, beber, reproduzir-se e proteger-se).
E o prazer é o meio empregado pelo processo evolutivo para que essas funções sejam asseguradas.
Para favorecê-las foi desenvolvido o sistema neuronal da recompensa.
Ao longo dos séculos, o cérebro dos humanos e de outros mamíferos tornou-se diferente, principalmente em razão do desenvolvimento do córtex, o que propiciou um aumento na complexidade das conexões neurais.
As estruturas mais antigas – onde estão as células neurais do sistema de recompensa no animal – permaneceram inseridas no cérebro ancestral, denominado reptiliano.
Na década de 50, os fisiologistas ingleses James Olds e Peter Milner fizeram uma experiência sobre o circuito da recompensa: foram implantados eletrodos em determinada região do cérebro de ratos, o núcleo accumbens, ligados a uma alavanca que o roedor podia acionar. Durante a experiência, observou-se que o animal se apoiava sem cessar sobre a alavanca, estimulando essa região de seu cérebro, esquecendo-se até mesmo de comer e beber. Depois, os mesmos estudos foram feitos com seres humanos que haviam passado por cirurgia, e os resultados foram similares. Ou seja, o cérebro de fato anseia por gratificação.
sábado, 5 de dezembro de 2009
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