sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coragem para crescer.

Muitas crianças com menos de seis anos vão à escola pela primeira vez neste início de ano e, em muitos casos, sofrem mais os pais do que elas. Nessa idade, ficar sem a mãe e fora de sua casa -ambiente acolhedor que transmite segurança- é difícil, por isso tantas choram nos primeiros dias. O chamado período de adaptação permite que a criança se acomode mais facilmente à sua nova realidade.

Para muitos pais, o processo pode ser difícil porque, além de suportarem a dor da separação, ainda têm de aguentar sem esmorecer o choro e os gritos do filho, que implora para não ser "abandonado". Como os pais sabem que criança precisa de outras crianças para crescer bem, a maioria deles consegue resistir e logo tudo fica bem para todos. Mas hoje nossa conversa é a respeito da adaptação de pais de crianças maiores, que já estão nos anos iniciais do ciclo fundamental.

Entre cinco e sete anos, mais ou menos, as crianças passam por um período crítico na vida.Elas precisam deixar o mundo mágico, fantástico e lúdico da primeira infância porque precisam crescer, em todos os sentidos. Deixam de acreditar nas fantasias da primeira infância (Papai Noel, fada dos dentes e similares) e se encontram com a necessidade de aprender os códigos do mundo adulto. É hora de começar a trabalhar com letras, números e problemas.

O período é crítico porque é complexo para a criança deixar uma fase que esbanja segurança e estabilidade e iniciar um ciclo desconhecido. Essa passagem gera insegurança, desequilíbrio e ansiedade principalmente porque ela percebe que crescer significa perder um pouco seus pais. E cada criança enfrenta isso à sua maneira.

Perder os pais significa aqui perder a segurança, mesmo que ilusória, de que eles têm o poder de resolver tudo em sua vida. Agora, cada vez mais a criança percebe que alguns problemas cabem a ela, e só a ela, resolver. É o caso das aprendizagens escolares, da convivência na escola etc. É na escola que a criança começa a dar os primeiros passos com suas próprias pernas.

Os pais, nesse momento, podem contribuir para que o filho inicie esse seu novo trajeto com coragem e, para tanto, precisam acreditar que seu filho é capaz e que precisa enfrentar isso sozinho. Alguns, entretanto, resistem a deixar que o filho enfrente seu tempo de crescer porque vivem, eles mesmos, sua própria crise: a de perder um pouco o filho para a vida.

Podemos observar, nas escolas, mães de crianças que estão no segundo ou terceiro ano do ensino fundamental que agem do mesmo modo que agiam quando o filho frequentava a educação infantil: querem levá-lo até a sala e lá ficar até a aula começar, conversar com a professora diariamente, pedir transferência de classe etc.

Para a criança, isso pode significar que seus pais não querem ou não aceitam seu crescimento ou, então, que não confiam que ela seja capaz de resolver sozinha seus problemas. Por isso, além de encorajar o filho a crescer, os pais precisam também ter coragem para permitir que ele cresça.

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