sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A conquista amorosa.

É possível conquistar alguém deliberadamente?

A resposta é “depende”.

Depende da diferença entre aquilo que o conquistador tem para oferecer no início da conquista e daquilo que a pessoa a ser conquistada quer em um parceiro amoroso.

Quanto maior essa diferença menor é a chance da conquista.

Por exemplo, é muito mais fácil conquistar alguém do mesmo nível socio-econômico do que conquistar alguém de um nível muito acima.

Um exemplo mais concreto: é muito difícil um homem que tem pouca renda, pouca escolaridade e seja pouco atraente fisicamente conquistar uma mulher rica, formada em uma boa faculdade e muito bonita.

Para conquistar alguém com essas características, o conquistador teria que fazer faculdade, morar no exterior, se tornar milionário, aumentar vinte centímetros na altura e aí poderia usar técnicas de conquista.

Nada fácil, não é?

Talvez você esteja pensando naquelas exceções que ficaram famosas: a princesa de Mônaco que casou com o guarda-costas; a secretária que casou com o fundador de um dos maiores bancos do Brasil; a prostituta que casou com o cliente ricaço (só vi um caso assim naquele filme – Pretty Woman) e no rapaz que casou com a anciã da pá virada (o caso mais conhecido é a ficção que foi tema do filme “Ensina-me a viver”, que agora é peça de teatro, com a Glória Menezes.

Também saiu na mídia, recentemente, o caso real do rapaz argentino que casou com uma anciã, amiga da sua mãe.

A noiva morreu dias depois do casamento.

Essas exceções são raríssimas.

A melhor explicação do porquê elas são conhecidas e comentadas foi apresentada por uma jornalista: “As exceções são conhecidas de muita gente porque elas são notícia e objeto de fofocas.

Ninguém daria uma manchete do tipo: “Fulana se casou com alguém que era três anos mais velho que ela e ambos tinham o mesmo grau de escolaridade”.

Deu outro exemplo: “Quando uma mulher, que mora em um prédio, trai o marido com o jardineiro, todos falam. No entanto, ninguém fala de todas as mulheres, do mesmo prédio, que são fiéis a seus maridos!”.

Se você tem grandes diferenças em relação ao amado, em pontos importantes, vai ser muito difícil o relacionamento dar certo.

Acho que é muito mais fácil desapaixonar do que conquistar uma pessoa em tais condições (aliás, desenvolvi um procedimento que parece bastante eficaz para ajudar o desapaixonamento – vou escrever um artigo sobre ele no futuro).

É possível uma pessoa conquistar a outra quando as diferenças entre as suas características são pequenas.

Nesse caso, o conquistador pode fazer esforços para transpor essas diferenças, tais como: se esforçar para agradar a outra pessoa, melhorar a sua aparência através da ginástica e produção (vestuário, maquilagem, corte de cabelos etc.), destacar os seus méritos e omitir os seus defeitos e acentuar os seus sinais de gênero (acentuar as sua masculinidade ou feminilidade na presença da outra pessoa).

A conquista também depende bastante das táticas que serão usadas para se aproximar, despertar o interesse e calibrar as exibições de interesse para a pessoa que é o seu alvo (o “ tratamento quente e frio” - hora “dar bola ” e hora ignorar o pretendente, de uma forma imprevisível - é um exemplo desse tipo de tática:).

Existem algumas normas gerais que se aplicam a todas as conquistas e algumas normas específicas que variam de acordo com as características da pessoa que está sendo objeto da conquista.

Segundo David Buss, famoso pesquisador americano dos relacionamentos amorosos, na conquista as mulheres procuram exibir suas qualidades de procriadoras e os homens as suas qualidades de provedores.

Tudo isso deve ser feito de forma indireta e com “bom gosto” portanto, para elas, nada de decotes abissais e microssaias cujas barras quase se encostam nos decotes de suas blusas.

Para eles, nada de maços de dinheiro e dentes de ouro!.

Esse autor e seus associados perguntaram para universitários americanos o que eles fariam para conquistar alguém.

As mulheres disseram que caprichariam na aparência (regime, ginástica, vestuário, adornos e maquiagem).

Os homens mencionaram a exibição de posses (por exemplo, exibir o carrão e falar de conhecidos importantes) e qualidades úteis para obter posses (por exemplo, mencionar os planos de carreira e dar a entender que é batalhador).

Os resultados dessa pesquisa foram confirmados por diversas outras pesquisas que estudaram as características pessoais que aqueles que estavam procurando parceiros através de anúncios em jornais e revistas procuram ressaltar e que características buscavam nos parceiros.

Como esses anúncios geralmente são curtos, os anunciantes têm que selecionar aquilo que realmente acham importante para essas duas finalidades. Confirmando a pesquisa de Buss, nesses anúncios as mulheres mostraram mais propensão para descreverem os seus dotes físicos (“Em forma, magra, bonita, 60 kg”, por exemplo) e os homens para descrever suas situações financeiras (“Situação econômica estável, proprietário de rede de lanchonetes”, por exemplo).

Elas também mostraram uma maior propensão para destacar que só queriam relacionamentos sérios e eles que estavam desimpedidos de outros compromissos amorosos.

As medidas para atrair parceiros mais citadas, tanto pelos homens como pelas mulheres, nessa pesquisa de Buss e colaboradores, são as seguintes:

• Mostrar senso de humor.

• Arrumar-se bem.

• Ser simpática/o para os problemas dele/a.

• Mostrar boas maneiras.

• Tomar banho diariamente.

• Manter um bom preparo físico para criar uma aparência de saúde.

• Contar piadas para fazer homens / mulheres rirem.

Cada um de nós possui uma certa dose de habilidade para seduzir e para cativar um parceiro amoroso e uma série de características que podem ser consideradas mais ou menos convenientes para ele (por exemplo, uma determinada situação econômica, status social e círculo social).

A importância de cada uma dessas três características para conquistar uma pessoa também varia muito.

A vulnerabilidade de cada pessoa para cada uma dessas três características aponta o caminho para conquistá-la.

Esses três tipos de caminhos para a conquista estão relacionados com os estilos de amor identificados por John Allan Lee.

Os eróticos, por exemplo, dão muita importância para a sedução que é provocada pela beleza física para o quanto o parceiro se aproxima do seu protótipo de homem ou mulher.

Os estórgicos dão muita importância para o cativar: precisam sentir amizade antes que o amor possa nascer.

Os pragmáticos privilegiam as conveniências: precisam ser convencidos das vantagens práticas de se associarem com aquele parceiro; os maníacos se amarram naqueles que lhes provocam ciúmes.

Os agápicos se apaixonam por aqueles que geram oportunidades para que pratiquem o altruísmo. E os lúdicos se apaixonam por quase todos aqueles que ainda não conquistaram.

Stendhal (pseudônimo adotado pelo grande escritor francês Marie-Henri Beyle) propôs uma teoria para explicar como acontece o apaixonamento que, ainda hoje, está entre as mais bem-aceitas pelos estudiosos dessa área.

Segundo essa teoria, para que nos apaixonemos são necessários três requisitos:

• Admirar o parceiro

• Ter esperança da reciprocidade do seu interesse e de que o relacionamento amoroso com ele vai dar certo.

• Haver uma certa dose de insegurança sobre o seu interesse


Bonito, não é? Pratique essas descobertas e conquiste o seu grande amor.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pedir desculpas é valorizar o próprio sentimento.

Roberto Shinyashiki.

"A vida é cheia de mal-entendidos, não dá para evitá-los. O importante é não deixar que eles cresçam para que tenhamos um sono tranquilo. Na maioria das vezes, as pessoas que nos magoaram não fizeram isso por maldade, mas simplesmente por descuido" Um dos maiores recursos para gerar felicidade é manter a vida sempre em dia. Meu amigo o consultor organizacional Ken O Donnell diz que podemos descobrir o grau de maturidade de uma pessoa de acordo com o tempo durante o qual ela consegue carregar um mal-estar em relação a alguém.

Uma pessoa que tem maturidade percebe facilmente quando alguma coisa está maculando seu coração. É como se fosse uma camisa branca em que um simples pingo de azeite é percebido a distância. Já quem não amadureceu se parece mais com uma camisa preta, que não mostra a sujeira. Quando você presta atenção em si mesmo, é fácil perceber que alguma coisa não está bem nos relacionamentos com as pessoas que ama. Ao notar que criou um mal-estar, prontifica-se a se desculpar com alguém que magoou ou questionar quem magoou você.

Já quem só se importa consigo mesmo nem sequer é capaz de imaginar que feriu o outro. Quem valoriza os próprios sentimentos tanto quanto os das outras pessoas age de forma diferente: pede desculpas, o que é uma maneira de dizer eu te amo.

Um pedido de desculpas é uma forma de dizer que você tem tamanha sintonia com o outro que é capaz de sentir que uma palavra sua feriu os sentimentos dele. Procurar um amigo para falar de algo que ele fez e que magoou você é uma forma de dizer você é importante para mim.

Isso acontece raramente porque muitas pessoas preferem deixar pra lá quando estão chateadas com alguém. Pensam que quem ama entende o comportamento do outro. O problema é que nem sempre há um coração assim tão compreensivo e, com o tempo, a situação mal resolvida acaba fazendo com que se afastem do amigo que as magoou.

A vida é cheia de mal-entendidos, não dá para evitá-los. O importante é não deixar que eles cresçam para que tenhamos um sono tranquilo. Na maioria das vezes, as pessoas que nos magoaram não fizeram isso por maldade, mas simplesmente por descuido. Conversar sobre isso mostra que você é uma pessoa especial.

Quem tem a sabedoria de manter os relacionamentos livres de incômodos também conserva a cabeça livre de pendências. Quando sabe que tem de fazer alguma coisa, vai lá e faz, parte para o tudo ou nada, pois entende que, enquanto não o fizer, estará com a cabeça ocupada com o problema.

É incrível como somos capazes de deixar que as pendências se arrastem até o último minuto. Um jovem, por exemplo, tem de fazer a inscrição para o vestibular. Sabe a data em que as inscrições começam, mas deixa para fazer a dele na semana seguinte e a preocupação de não esquecer já começa a ocupar espaço em sua mente.

Na semana seguinte, ele arruma um monte de coisas para fazer e deixa para depois. Enquanto isso, a preocupação vai aumentando e só terminará quando a pendência for resolvida.

Lembre-se: Só quem mantém a mente livre de pendências e preocupações tem tempo para ser feliz e olhos para os passarinhos da vida.

Paraíso ou inferno?

A maioria dos seres humanos tem passado toda a vida debatendo-se entre estes dois símbolos: o inferno e o paraíso. É claro que todos anseiam pelo paraíso, e muitos estão convictos de que ele é um lugar perfeito, para onde iremos após a morte e no qual a dor e o sofrimento são inexistentes.
Entretanto, se observarmos com atenção, podemos perceber que as características que definem ambos os lugares coexistem o tempo todo aqui mesmo em nosso planeta.

Se considerarmos que o inferno é um estado onde a luz se encontra momentaneamente ausente e o paraíso, a condição em que ela brilha em toda a intensidade, podemos inferir que eles se referem ao nosso próprio interior.

Quanto mais identificados estivermos com a negatividade e os sentimentos que ela faz brotar em nós, como: a mágoa, o ódio, o desejo de vingança, mais fortemente experimentaremos o inferno.

O sentimento de vitima também é um componente essencial do inferno interior, pois ele nos paralisa num estado de permanente lamentação, e nos faz jogar sobre o mundo a responsabilidade de nossa infelicidade.

Quando, ao contrário, mudamos de rota e nos conectamos com o bem, a luz e a capacidade de transmutar qualquer evento, por mais negativo que seja, em uma oportunidade de crescimento interior, passamos a vivenciar o outro pólo e descobrirmos que é possível experimentar o paraíso no presente, ao invés de esperar por ele como uma promessa a ser alcançada apenas num futuro distante.

"A vida tem que ser cuidada muito realisticamente. Vocês tem de ver dentro dos seus problemas, vocês tem de ir para suas verdadeiras raízes, vocês tem de queimar a verdadeira raiz de seus problemas....
Vocês estavam procurando por um paraiso?

É o que as pessoas tem estado fazendo por muitas gerações. Elas não mudam a si mesmas, elas procuram por um paraíso, mas onde quer que elas vão elas criarão o inferno.
Elas são o inferno. A questão não é encontrar o paraíso em algum lugar. A menos que você já o tenha em você, não o encontrará em nenhum outro lugar.
Anubodhi me contou uma bela parábola:

Uma vez eu conheci um homem que havia ganho uma viagem com todas as despesas pagas para ambos, o paraíso e o inferno. Perguntaram-lhe onde ele gostaria de ir primeiro. "Eu gostaria de visitar o inferno primeiro, ele respondeu. E então foi providenciado.

Chegando ao inferno, uma grande visão surpreendeu seus olhos. Ele encontrou a si mesmo em um grande banquete, no qual longas mesas estavam repletas de todos os tipos de comida imagináveis.
As pessoas se sentavam ao longo das mesas, garfos pousados sobre a comida, que era cozida deliciosamente e enchia o ar com os mais tentadores aromas - mas ninguém estava comendo.
O homem ficou surpreso, mas quando ele olhou mais perto ele observou que as pessoas estavam todas sofrendo de uma estranha paralisia do cotovelo. Tentavam bravamente, mas elas não podiam levar a comida as suas bocas.

Então isto é o inferno, o homem pensou, viver em um universo abundante, abundante com tudo que uma pessoa poderia necessitar ou desejar, mas privar-se no meio da fartura, incapaz de satisfazer a si mesmo.
Saindo para fora, o homem pediu para se transportado para o paraiso. No paraíso, ele viu o mesmo grande banquete no hall, repleto com as mesmas longas mesas, recobertas com a mesma deliciosa comida. Olhando mais de perto ele notou que as pessoas estavam sofrendo de mesma paralisia do cotovelo.

"Este é o paraíso"!, ele chorou, quase gritando. Mas, depois de uma inspeção mais próxima ele notou uma diferença: Ele viu que entre o paraíso e o inferno havia uma pequena paricularidade a qual fez toda a diferença. O que ele viu foi que no paraíso eles estavam cada um alimentando o outro.
Eles estavam paralisados do mesmo modo, mas eles estavam alimentando ao outro. Era impossível trazer a comida para suas próprias bocas, mas era possível nutrir os outros, e os outros os estavam nutrindo.

Esta era a única diferença. Mas a diferença é interior. Compaixão tem de despertar. A menos que você seja um bodhisattva, onde quer que você esteja você se sentirá no inferno. Quando a paixão é transformada em compaixão... então, onde quer que você esteja, você estará no paraíso. Este é o único paraíso que há".
Osho, O sutra diamante



Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga,

Anatomia da paixão.

Esta é " A gota ", foto de Zahira, uma espanhola, de Madrid, orgulhosa no Flickr de sua primeira foto de movimento.

"Da vida, eu quero tudo!", ela diz, num desafio. "Tudo?" Ela ri, como se adivinhando... "Bom, só os melhores momentos". Eu afasto o cabelo que cisma em esconder o olhar despudorado dela, e tento lembrar em que momento da vida a gente realmente descobre que a paixão tem esse rosto inocente, selvagem, amoral...

"Essa coisa morna de melhores momentos, não tem nada a ver com o 'tudo da vida', você sabe". Eu digo. Sabe? Há que se tirar o ponto final da frase, substituir por uma pausa-vírgula-respira-engole e acrescentar o fundamental ao desejo da menina. "Da vida, eu quero tudo, até a última lágrima, até o último riso". Ouse imaginar isso, ouse dizer em voz alta, ouse, ainda, repetir: "Da vida, eu quero tudo, até a última lágrima, até o último riso". E você vai saber o que é 'paixão'.

Os gregos costumavam transformar nossas humanidades em abstrações visuais, e dotá-las de carne, sangue e suor. Abstrações vivas e cheias de cores, deuses, daimons, seres feitos de insights e de sonhos. Por isso, sempre é tão fascinante começar qualquer reflexão sobre nós com um mergulho na mitologia grega.

E contam os mitos que quando Afrodite, a deusa da Beleza, filha de Uranos, o senhor do Tempo, nasceu na espuma do mar, um cortejo de criaturas aladas veio recebê-la. Eros, o deus do Amor, e seus irmãos, os jovens filhos do Vento: Anteros, Himeros e Pothos.
Eros, o Amor, a gente já conhece, porque é dele o grande impulso inicial e foram suas as flechas que fertilizaram o universo. Mas junto com ele, nas cerâmicas e na imaginação, surgem outras faces do amor: Anteros, o amor compartilhado, Himeros, o desejo físico, e Pothos, a paixão ou aquele tipo de amor que jamais se realiza completamente.

Filho de Zéfiro, o vento, e de Iris, o arco colorido que enfeita os céus de chuva, Pothos era puro desejo. Os gregos falavam de "anseio por aquilo que nunca está lá", impulso em direção ao que está sempre nos escapando, saudade de um "não sei o quê" que nos falta.
ISSO seria a paixão. Apaixonados nós estamos quando o horizonte lá longe faz a gente sonhar com mundos extraordinários, quando as nuvens escrevem versos de amor no céu, quando somos tocados pela beleza de todas as formas, quando acreditamos em coisas impossíveis, quando, de repente, do nada, um dia assim de manhãzinha, a gente consegue enxergar pela fresta do universo a dança das possibilidades infinitas.

Apaixonada é a bailarina que sempre dança sua última dança, o artista que pinta para não morrer, o atleta que se equilibra no abismo, o músico à caça de harmonias, o sonhador que persegue a paz...

O caminho dos apaixonados, como os gregos sabiam e nós já começávamos a suspeitar, está longe de ser fácil ou "bonitinho". A paixão tem cores fortes, e cheira a sangue. Não é morna. Ao contrário, ensinaria Garcia Lorca, falando do "duende", a paixão com as cores da Espanha: "Só se sabe que queima no sangue, feito ácido, que esgota, que recusa toda a doce geometria aprendida, que rompe com os estilos".
Ou seja, apaixonados, então, somos nós, quando dizemos: da vida, eu quero tudo, mesmo sabendo que esse tudo é pura saudade!

Esses gregos eram ou não eram grandes anatomistas da alma?

Este artigo foi publicado originalmente na revista Top Magazine.

Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos. É editora responsável pelo Delas, o site feminino do portal IG, onde tem uma coluna chamada Fifties. Além disso, cuida do IgEducação e de um site de cultura multimídia, o Arte Digital e também é colunista do Somos Todos UM.
Em 2006 lançou seu primeiro livro: Toques da Alma, clique e confira.
Email: belotti@ig.com

A pequena escola da curtição.

A pequena escola da curtição
:: Conceição Trucom ::

A capacidade de sentir prazer, de "curtir", é inata e acompanha nossa história do desenvolvimento. E não é apenas uma possibilidade do organismo para premiar e reforçar bom comportamento, mas uma dádiva da natureza podermos sentir a gratidão e alegria pela vida.

A alegria de viver, passível de ser sentida por qualquer ser vivo, tem uma importante função. Ela pode encorajar a enfrentar o dia com coragem, e ajuda também a superar fases difíceis da vida. Filósofos gregos como Aristipos (± 435-360 a.C.), Demócrito e Epicuro criaram, juntamente com o hedonismo, uma teoria segundo a qual a busca do prazer é ou deve ser determinante das atitudes humanas e que a "medida certa" deve ser procurada com alegria e prazer.

A natureza nos deu a capacidade de sentir alegria com uma região especial no cérebro. Essa região está em comunicação com muitas outras, de modo que bem poderia ter uma função de comando. Experimentadores acreditam que aqui pode ser encontrada a correlação orgânica daquilo que é essencial para todos os seres vivos: a alegria de viver. A falta da alegria, sabemos, pode levar à resignação, à depressão e até mesmo ao cansaço da vida. A alegria de viver, então, não aumenta apenas a qualidade de vida, pode mesmo ser essencial para a sobrevivência.

Prazer e vício
Drogas como morfina, cocaína, heroína e álcool podem provavelmente influenciar o centro do prazer. As sequelas dessa forma de estímulo artificial da alegria são geralmente fatais e levam facilmente à dependência porque as vias de ação naturais do centro do prazer são destruídas. Após a abstinência de drogas, geralmente aparece falta de vontade que pode se elevar até graves sinais que depois são novamente "terapeutizados" por dependentes. Dessa maneira, fecha-se o círculo vicioso que finda na dependência permanente.

No caso de alcoólatras e dependentes químicos, observa-se uma decrescente capacidade para captar e vivenciar o prazer. A busca do prazer fica restrita à busca da substância do vício. Não estão mais disponíveis outras possibilidades construtivas e sadias para o prazer e a alegria de viver. Muitas vezes, pacientes viciados são acusados de uma atitude de vida "desvairada", "gananciosa". Na realidade, o que se verifica é uma incapacidade para criar situações ativamente e delas desfrutar com alegria e prazer.

A escola do prazer
Quem não sente prazer torna-se insuportável. Essa expressão reflete a drástica realidade de muitas pessoas doentes física e emocionalmente, pois observa-se, com frequência, em pessoas depressivas e com distúrbios psíquicos, uma falta de realização e de ação "eutímica". Por realização e ação "eutímica", o psicólogo Rainer Lutz (*), do Instituto de Psicologia da Universidade de Marburg, entende tudo aquilo que faz bem à "alma". Aqui se trata de querer perceber e usufruir ativamente. No entanto, só é possível responder isoladamente, por exemplo, à pergunta, porque o distúrbio depressivo foi causado por uma deficiência de vivências e ações eutímicas. Logicamente também pode acontecer o contrário, que a depressão leve à falta de prazer e de alegria de viver. Em todo caso, o risco é maior em pessoas deprimidas que não aprenderam a procurar ativamente experiências alegres e prazerosas. A depressão e outros distúrbios psíquicos, segundo a experiência, podem ser melhorados quando a capacidade para realização e ação eutímica aumentam.

Mas não só em doentes se verifica uma insegurança ou ausência da vivência eutímica. Isso não é de causar espanto, pois onde é que se pode aprender a arte ensinada do "verdadeiro prazer"? Nas escolas, procura-se inutilmente essa disciplina nos currículos. Portanto, não é de se admirar que aqui surjam deficiências ou ocorram abusos que são causados pelo excesso de ofertas em nossa sociedade de supérfluos.

Para a melhoria da capacidade de sentir de maneira positiva a alegria e o prazer, os psicólogos Eva Koppenhõfer e Rainer Lutz (**) desenvolveram um programa de terapia para a edificação de experiências e atitudes positivas. As seguintes "regras do prazer", são úteis em exercícios de grupo e devem ser praticadas diariamente. Elas não têm somente um fim terapêutico, podendo exercer sua influência sobre todos, como um estímulo para um estilo de vida mais prazeroso:

1. O prazer requer tempo: Para realmente poder "curtir", são necessários tranquilidade e um pouco de tempo. Isso é treinado quando cada objeto é estudado minuciosa e detalhadamente: cheiro, forma, textura, sabor, emoção que desperta, etc.. É bom reservar, conscientemente, tempo para atividades como banho, passeios, olhar pela janela, ir à sauna, praticar esporte. Gratidão e Riso: é preciso dispor de tempo (ainda que pequeno), organizá-lo e estabelecer prioridades pessoais.

2. O prazer é permitido: Muitas vezes o prazer é rejeitado por julgamentos negativos e por "tabus ao prazer"; por exemplo: "Sem dedicação não há recompensa"; "parar significa mofar"; "excessos são raros sucessos"; "tudo que faço tem um alvo"; "cheirar uma rosa é perda de tempo". Gratidão e Riso: é importante descobrir e ser capaz de desfrutar nossos prazeres cotidianos.

3. O prazer requer consciência: Um verdadeiro prazer requer atenção consciente para o fato em curso; por exemplo, não se pode provar completamente o sabor de um bom prato assistindo a um filme. Por isso se almeja a concentração no prazer em curso "ofuscando" outras atividades. Gratidão e Riso: entregar-se conscientemente ao prazer, eliminando tanto quanto possível as distrações e não se deixar dispersar com préocupações.

4. O prazer tem diferenças individuais: Preferências são muito pessoais, tanto que "gosto não se discute". Mas também em relação a toda a vida, gostos não permanecem os mesmos, de sorte que é favorável uma atitude franca, aberta. Gratidão e Riso: descobrir as próprias preferências, em que não deveria ser levada em conta a opinião alheia.

5. Menos é mais: Em plena era do consumo, o comando é: conseguir o máximo de uma experiência ou de uma situação, para potencializar o prazer. No entanto, essa atitude leva à diminuição da capacidade de sentir prazer porque as múltiplas e requintadas facetas de um prazer não podem mais ser notadas. Quando, por exemplo, um copo de vinho é "esvaziado" em vez de sorvido aos goles, não será possível uma degustação requintada. Lembrando que o excesso de oferta também pode levar ao fastio e à refutação, de modo que um prato ou bebida prediletos não devem ser um vício. Gratidão e Riso: o prazer exige concentração que é prejudicada pelo excesso de oferta.

6. A experiência favorece a capacidade de sentir prazer: Sentir prazer pode ser aprendido e é fomentado por experiências repetidas. A vivência de uma música pode ser treinada pela educação dos ouvidos, da mesma forma que a observação de um jardim também pode ser desenvolvida pela educação da observação. Uma ajuda no desenvolvimento dos sentidos pode ser a de enumerar o vivenciado em seus mínimos detalhes e nuanças, trocando as experiências com outras pessoas. Gratidão e Riso: como a percepção do prazer depende de nuanças, os 5 sentidos devem ser adestrados por meio de exercícios sensoriais.

7. O prazer faz parte do cotidiano: Frequentemente o prazer só é buscado em situações inusitadas e em ocasiões especiais. Mas possibilidades para o prazer se oferecem em (quase) todas as situações do cotidiano, de sorte que, por exemplo, uma mesa bem posta para a refeição matinal pode muito bem ser vivenciado como prazer, se eu me disponho a isso. Gratidão e Riso: vale reconhecer a oportunidade única do momento no cotidiano e descobrir a alegria e o belo que nos rodeiam.

Depois que essas "regras" se tornam mais familiares, pela prática, geralmente se alcança nova atitude interna, que aceita o prazer e a alegria de viver e que visa a uma perspectiva e ações construtivas. Então é também importante despojar-se de uma "sabotagem" do tipo "oito ou oitenta". Em situação difícil, e por ocasião de fatos tristes, é possível ao mesmo tempo viver algo de positivo, agradável e prazeroso. Não se trata de reprimir o luto e outras dificuldades emocionais pela abertura para a alegria. Muito mais, durante uma crise a alegria também pode atuar como compensação, com o que a elaboração de problemas emocionais é propiciada, podendo ser elaborada a esperança.

Alimentar-se com prazer
Estas "regras do prazer" são aplicáveis, com sucesso, em muitos distúrbios que reduzem enormemente a qualidade de vida e sua significância. Um exemplo bem colocado é o de pessoas com problema de peso. Elas muitas vezes são acusadas pelo "vício do prazer".
Especialmente no que se refere aos hábitos alimentares, a busca pelo prazer fica sob suspeita e e pode prejudicar a saúde em todos os aspectos da vida. Mas, em melhor avaliação, constata-se que pessoas com problema de peso na maioria das vezes não são degustadoras nern apreciadoras. A comida para elas está tão relacionada a problemas e culpa, que resta pouco lugar para o prazer. Em muitas pessoas com excesso de peso, por exemplo, encontram-se hábitos alimentares deturpados, que oscilam entre repressão do apetite e compulsão para "encher" o estômago.

Assim, se este é o seu caso, releia as "regras do prazer" buscando melhorar os "desvios" dos hábitos alimentares. Por exemplo: na regra 1, não coma sob pressão do tempo. Na regra 2, a vivência do sabor requer consciência, ou seja, não se distraia assistindo TV ou conversando durante as refeições ou lanches. Na regra 3, abandone preconceitos e regras familiares. Na regra 4, saborear com consciência e curtição irá certamente reduzir a quantidade. E assim vá construindo o espaço de "curtição", gratidão e riso nos momentos prazerosos de sua alimentação diária.

Texto extraído e adaptado por Conceição Trucom do livro:

Rir, Amar e Viver Mais - Dietmar Ohm - Editora Paulinas

Onde está seu brilho?

El Morya Luz da Consciência - nucleo.elmorya@terra.com.br



Existem pessoas que brilham e conseguem iluminar a todos no ambiente onde estão. Sua luz consegue contaminar, levando alegria, paz, amorosidade, ânimo, onde quer que se encontrem, mas, em determinado momento de suas vidas, esse brilho some... se apaga. Aqueles que estão à sua volta, perguntam: "O que aconteceu? Onde está seu brilho?" Pior ainda é seu próprio questionamento: "O que aconteceu comigo? Minha chama se apagou? Ou será que nunca a tive? Foi tudo ilusão?"

Na nossa vida passamos por muitos momentos bons, e também aqueles que nos trazem infelicidade e sofrimento. Sabemos que nas horas ruins é muito difícil enxergar que estamos evoluindo, pois a dor traz aprendizado e crescimento, mas quem quer sofrer conscientemente para que isso aconteça?

Embora a maioria consiga perceber que logo após uma crise ocorrem muitas mudanças e, quase sempre, para melhor, continuam repetindo os mesmos padrões e, sofrendo. Algumas ficam no vitimismo, outras na crença de culpa, do Karma, outras preferem revoltar-se contra o meio externo. Porém, poucos silenciam e observam sem censura ou crítica como estavam, o que pensavam e sentiam em cada uma das etapas de vida, boas ou ruins.

Nos momentos felizes, estamos com o coração aberto e receptivo, em paz, cheio de amor, tranqüilo, com a capacidade de olhar tudo com beleza, com ritmo e alegria. Ao enfrentarmos dificuldades, fechamos o coração e ficamos presos nas emoções não resolvidas, " preocupados" em achar uma solução através do nosso cérebro para a dor que estamos sentindo e, assim, acabamos refletindo no exterior aquilo que se encontra em nosso interior.

Se assumirmos total responsabilidade pela nossa vida e identificarmos que todos os acontecimentos e experiências são conseqüência da maneira como pensamos e sentimos, podemos conseguir tudo o que quisermos e mudar a vida para melhor. Isso é ser co-criador.

Para isso precisamos reconhecer que o verdadeiro criador, cria só com muito amor, principalmente, consigo mesmo. O coração que não brilha, fica paralisado, endurecido e desmotivado pelas marcas que a vida lhe deixou e esquece dele mesmo. Esquecido, não consegue mais encontrar as respostas que só ele pode dar.

Ficamos perdidos nos nossos sentimentos e brigando com a razão; como pensamentos e sentimentos precisam estar sintonizados para que estejamos felizes e centrados, criamos um enorme abismo para encontrar a paz.

Sem nenhuma utopia, todo obstáculo a uma vida mais feliz está em nosso próprio coração afastado do amor e é só no coração que podemos superá-lo. Não precisamos ficar esperando que o céu desça aqui na Terra, que todo homem seja bom e tudo se transforme, porque com o coração aberto e amoroso o céu já se encontra aqui!

Ele está nos nossos olhos quando enxergamos com compaixão e nas nossas mãos quando a estendemos para auxiliar alguém. E na nossa mente quando conseguimos ver o bem e o belo, no lugar do mal.

A maneira como vemos o mundo determina como ele será para nós. Não podemos mudar a realidade dos homens, do mundo, só podemos mudar a nós mesmos e passaremos a refletir o brilho da divindade que existe dentro de nosso coração. E será esse brilho divino que irá, aos poucos, iluminando e mudando tudo à nossa volta.

domingo, 2 de agosto de 2009

Tudo meia boca.

Não há nada que me deixe mais frustrada
do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar
e aí ver o garçom colocar na minha frente
uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.

Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante,
menor a porção da sobremesa.

Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,
comprar um litro de sorvete bem cremoso
e saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser,
sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções,
de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade..

A gente sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que é difícil(a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada " fácil ").

Adora tomar um banho demorado,
mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,
mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,
esparramada no sofá,
mas se obriga a ir malhar.

E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',
tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta
e existencialmente sem-graça,
enquanto a gente vai ficando melancolicamente
sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.

Deixar de lado a régua,
o compasso,
a bússola,
a balança
e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente
e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.

Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou
e disse uma frase mais ou menos assim:

'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'....

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete,
bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados,
a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.

Um dia.

Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order',
uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere,
nu, embrulhado pra presente.
OK?

Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .

Danuza Leão.

Recebi da Kelci Caires - 24/07/2009

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