sábado, 30 de abril de 2011

Vamos falar mal de sertanejo?

É curioso...

Basta o sertanejo voltar à tona para as críticas apelativas voltarem. E diferentemente do que acontece com outros estilos, parece que qualquer declaração preconceituosa é aceita com a maior naturalidade.

Após mais uma entrevista boba do Lobão, ontem, dessa vez para a Folha, resolvi citar algumas declarações que mostram bem o nível de incômodo causado pelo sucesso da música sertaneja.

- Lobão, ontem, na Folha, disse que no Brasil há hoje uma “ invasão do agrobrega.”

Não custa lembrar que o sertanejo de hoje é muito mais animado do que romântico, e muito mais de classe alta do que de campo.

- Lobão, dois meses atrás, criticou o “ sertanejo universitário ” e disse que Luan Santana era “ uma coisa horrorosa ”, além de outros elogios não muito honrosos.

Essa história foi publicada num blog e rende comentários até hoje.

- No ano passado, o blog Radar Online, da Veja, definiu Luan Santana como “ fenômeno brega-adolescente da vez. ”

- O respeitado crítico Zuza Homem de Mello cunhou a seguinte frase:

“ Um compasso do João Gilberto vale muito mais do que toda a obra do Zezé di Camargo ”. Falei sobre essa passagem nesse texto aqui.

Os quatro exemplos acima são simples, frases que a gente lê por aí faz tempo.

Abaixo, no entanto, provavelmente estão as declarações mais infelizes de grande repercussão sobre música sertaneja.

Em outubro de 2000, Nelson Motta deu uma declaração que incomodou diversas duplas. Poucos anos atrás, no “ Altas Horas ”, o jornalista teve uma conversa “reconciliadora” com Zezé di Camargo e Luciano. Essa semana, ele está produzindo uma matéria sobre o novo sertanejo. A declaração, para a “ Isto É Gente ”, foi a seguinte:

“ Os critérios para avaliar uma música popular são melodia, letra, ritmo e harmonia. O sertanejo é praticamente zero em todos os quesitos. Reconheço até que o gênero tem alguns intérpretes de grande talento, que sabem cantar, mas as melodias são pobres e as letras são paupérrimas. O ritmo é praticamente inexistente, são baladas melancólicas. Em termos de harmonia o ritmo é indigente. Sobra muito pouco para o meu gosto, mas não quero convencer ninguém, só falo o que acho. ”

Além dessa, houve o desabafo de Lulu Santos ao vivo no Faustão. Revoltado com o governo Collor, que já estava em processo de impeachment, o músico disse que os sertanejos poderiam ir embora junto com o novo governo. A melhor frase do desabafo foi “eu tenho pavor desse tipo de música”. A declaração pode ser assistida clicando sobre a imagem abaixo, no finalzinho do vídeo.

Lembrando sempre que, a partir dos anos 1990, a música sertaneja feita por caipiras estranhos que cantavam fino em dupla, passou a ser a música dominante nas rádios e na TV.

Para encerrar, há ainda a música “ Odeio rodeio ”, do Chico César.

Só citar a primeira estrofe já basta:

Odeio rodeio e sinto um certo nojo
Quando um sertanejo começa a tocar
Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comungay.

A Igreja Cristã Contemporânea permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas

Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea.Enquanto uma poderosa bancada evangélica tenta bloquear direitos LGBT no congresso, uma modesta igreja carioca mostra que é capaz de amar ao próximo. Fundada por um casal gay evangélico, permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas com a orientação religiosa. Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea

A noite era de festa na Igreja Cristã Contemporânea. Kathyla chega esbaforida, sem tempo hábil para afinar o violão que daria o tom ao primeiro culto da nova sede, inaugurada no bairro de Madureira, subúrbio do Rio. “Kathyla tem uma história de vida muito interessante para contar, converse com ela”, entregou Cristiane Carvalho, a “intercessora” do movimento fundado por Marcos Gladstone, pastor, gay, dissidente da Igreja Evangélica Congregacional que desde 2006 arrebanhou mais de mil fiéis à sua instituição – onde prega os mesmos ensinamentos das pentecostais-padrão, com uma única exceção: não faz restrições a opções sexuais de seus seguidores.

Cristiane, a intercessora, isto é, responsável por toda a organização dos cultos, do sistema de som à acomodação do público, é casada há quatro anos com a “levitas” Silvia Guimarães, uma das vozes principais do coro. A cerimônia oficial––– aconteceu na igreja, com a bênção do pastor Marcos, que também batiza e prepara “diáconos”, sua versão para seminaristas, para assumir a função de pastores. Elas são mães de Vitória, 8 anos, adotada há três, que dançava e cantava na companhia de outras crianças, filhas biológicas ou não, ao lado dos pais, homossexuais ou não. Era, afinal, uma cerimônia normal, tal e qual se vê na TV, nos programas evangélicos que prometem recuperar alcoólatras, redirecionar prostitutas, ressuscitar criaturas apegadas ao vício do jogo e purificar traficantes. Por ali só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou “tratamento” nas outras igrejas – sem sucesso.

EX-EX-GAY

Marco Aurélio é um “ ex-ex-gay ”, desgarrado da Assembleia de Deus depois de ter sido desenganado pelo pastor, que, diante do quadro irreversível do “paciente”, recomendou que ficasse “na moita e casado com mulher”. Marco se trancou no armário por sete anos, casado. Mas não engoliu a chave. Abriu, saiu, se assumiu e há dois anos vive ao lado do homem de sua vida. “Meu pastor na época dizia que não existia gay na igreja”, lembra ele, que hoje é um dos diáconos que sonham em assumir o posto de pastor da Contemporânea. “Para ser pastor é preciso estar casado, é importante ver um casal no altar. Queremos ser referência de família”, explica Roberto Soares, pastor da filial de Belo Horizonte, casado há nove anos com Anderson Pereira. “Passamos aos fiéis nossos valores, orientamos sobre sexo, falamos de promiscuidade e traição”, conta Roberto. Ele é o cara da oratória. “É muito comum no meio gay o sexo sem compromisso e outros comportamentos que nos afastam do poder de Deus. Aceitamos o sexo antes do casamento, desde que feito com amor”, emenda Anderson, que também responde pelo louvor dos cultos na capital mineira. “Dividimos as funções no altar, é como funciona nossa igreja.” Mais ou menos assim: enquanto um canta e dança, o outro representa. “Costumamos ir à porta de boates e bares para evangelizar, vamos também às paradas gays. Mas não levantamos bandeira alguma, apenas discursamos em nome da boa conduta. E não praticamos leis condenatórias, como as outras igrejas”, diz Anderson.

Só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou " tratamento " em outras igrejas. Sem sucesso

Entende-se por boa conduta tudo aquilo que se vê nos preparativos inaugurais da nova igreja, localizada numa esquina residencial e tranquila, agora animada por vozes e acordes de uma turma que se arrumou com o maior esmero (todos de terno e gravatas felizes, com impecável nó Windsor) para orar e comemorar, com cantoria a mil decibéis, a inauguração de mais um templo livre de preconceitos e com os mesmos conceitos cristãos rezados por Edir Macedo e companhia. “ Foram eles que nos expulsaram da igreja, dizendo que somos a encarnação do demo, abomináveis, que vamos para o inferno ”, lamenta Fábio Inácio, casado com o fundador, Marcos Gladstone e um dos líderes da igreja no Rio de Janeiro.

É ele quem dá início ao culto inaugural, com meia hora de atraso. Tempo suficiente para Kathyla se aquecer e ler a partitura do dia. Ela chama a atenção no palco, morena de mais de metro e 80, idade não revelada – assim como seu nome registrado em cartório. Musicista, toca, além de violão, baixo e cavaquinho. Professora de canto, transexual, uma filha de 18 anos no currículo e um casamento hétero nas costas. “Sou divorciada e solteira”, avisa. Convertida há dez anos, “ era católica relaxante ”, Kathyla Valverde conta, já sentada na plateia, que tem “ uma trajetória na MPB ”, tendo trabalhado com Roberto Menescal, Carlos Lyra e Wanda Sá. Não como música, mas como assistente de produção. Já como Kathyla? “ Não, ainda não me chamava Kathyla. ” A propósito, fala-se Quêitila.

TRANS EM CRISTO
Vai começar o ritual. Nossa personagem abre a bolsa e saca um livro cor-de-rosa, shocking. É a Bíblia, adaptada para mulheres. A Bíblia da mulher que ora, de Stormie Omartian, é um best-seller no meio gospel que ajuda as fiéis do sexo feminino a aprofundar seu relacionamento com Deus ao intensificar a vida de oração. “Sou uma mulher presa no corpo de homem, por isso sou transgênero e não travesti”, explica, baixinho, para não atrapalhar o andamento do culto. “ Deus é perfeito, mas muitas pessoas nascem imperfeitas. Vou fazer a cirurgia de redesignação sexual no fim do ano, pelo SUS”, vibra. “ Sou uma privilegiada. ”

A conversa é interrompida por um número de dança, executado por uma fiel, heterossexual, loira e devidamente escondida sob mantos brancos que esvoaçavam no altar, tendo um adesivo de nuvens como pano de fundo. “ Ela é do Ministério da Dança ”, explica Kathyla. Fim da performance, é a hora de mais um, quer dizer, oito números musicais comandados por Fábio. Cantoria, palmas, coreografias, pulinhos e um grito de ordem “tira o pé do chão” embalam os fiéis, que levantam as mãos para o céu e, cada um à sua necessidade, fazem seus pedidos para o plano superior.

Jesus revelou que a orientação sexual é algo que jamais pode mudar. Foi construída por Deus

Descontração geral, louva-se a Deus em axé, samba e outros ritmos de rádio. O clima esquenta, literalmente. E o ar-condicionado já não dá vazão a tanta exaltação. Fábio, suado, encerra a apresentação e se dirige para os fundos do salão, onde uma mesa de som e vídeo registrava tudo para uso interno. “Muitas pessoas que estão aqui não podem aparecer, nem todo mundo é assumido”, diz Fábio, que nasceu e cresceu na Igreja Universal. Perdeu a fé aos 24 anos, “acreditava que Deus não me amava, passei a usar drogas, tomava ecstasy em boates”, e a reencontrou em 2006, quando conheceu Marcos. Juntos, fundaram a primeira sede, no terceiro andar de um sobrado no bairro da Lapa, no Rio, tradicional território de travestis e prostitutas da cidade.

“ A igreja nasceu e cresceu em torno do nosso amor”, diz Marcos, formado e pós-graduado em teologia pela Universidade Metodista Bennett do Rio de Janeiro. Como tantos outros líderes religiosos Brasil afora, também recebeu uma revelação divina. Em seu caso, na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, berço da militância gay. Lá, diz sua biografia, “o Senhor Jesus revelou que sua orientação sexual era algo que jamais poderia mudar ou fugir daquilo que foi constituído por Deus para ser”. Em 2002, de volta ao Brasil, onde havia deixado uma noiva a um pé do altar, se assume gay, rompe com sua igreja e conhece Fábio.

Casados desde 2009, estão às voltas com o processo de adoção de seu primeiro filho e com a inauguração de mais uma igreja, agora em Niterói, Estado do Rio. “Estamos crescendo e incomodando muita gente. Em nosso site, metade dos e-mails que recebemos é de pessoas xingando a gente de viado pra baixo”, reclama Fábio. Já são seis os templos liderados pela dupla. O céu é o limite. Passa das dez da noite, mais de três horas de culto. Kathyla entrega seu cartão de visitas, “para caso haver alguma dúvida”, guarda a viola na sacola, retoca o batom, “afinal, estou sendo fotografada”, e toma seu ônibus de volta para casa. “Tive um dia cheio, estou exausta. Não vejo a hora de descansar, afinal, sou filha de Deus.”

Todos nós somos, Kathyla.

Preferência por um filho.

Preferência por um filho é normal, mas favorito pode ser mais inseguro

Não sinta culpa se você se identifica mais com um dos seus filhos (só não deixe as crianças notarem)

É provável essa matéria tenha o efeito de um soco no estômago (e um aperto no coração) nos mais sensíveis. Afinal, na teoria, os pais amam igualmente todos os seus filhos. Mas, na prática, a dinâmica familiar não funciona conforme determinadas regras. Ou você não conhece algum caso de pais que preferem um dos filhos, mesmo que não se deem conta disso?

Desde que a psicóloga norte-americana Ellen Libby lançou “The Favorite Child” (“A Criança Favorita”, em tradução livre), em 2010, o debate entre os especialistas aumentou (e muitos concordam com ela). Ellen, que acumula 30 anos de prática clínica, diz que ter um filho favorito não é uma violação de um código moral. “Um pai não é igual a uma mãe. E um filho não é igual ao outro”, escreveu. Segunda ela, os motivos que levam pais a elegerem determinado rebento como queridinho são vários.

Um deles, é claro, diz respeito ao primeiro filho, a criança que veio ao mundo para transformar aquele casal em pais. Mas é comum que o posto seja roubado, futuramente, pelo caçula –que também está sujeito a perder o título se um terceiro herdeiro chegar ao mundo e assumir o posto de mais novo.

Ellen Libby considera outros fatores determinantes: o sexo da criança, pois, em famílias conservadoras ou machistas, o primeiro filho homem é um orgulho e tanto; o fato do filho se parecer com a família do pai ou da mãe; a demonstração de habilidades que os pais gostariam de ter, o que impulsionaria o mecanismo da projeção.

Para o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Paulista de Medicina (APM), a abordagem de “The Favorite Child” é superficial em alguns aspectos. “Ela não se aprofunda em uma questão essencial, que é a da personalidade da criança. Muitas vezes, os pais acabam se identificando com o filho mais cordato e fácil de lidar, que faz tudo o que eles querem. O filho de personalidade forte acaba sendo preterido”, afirma.

O psiquiatra diz, ainda, que, ao contrário do que o senso comum poderia imaginar, o filho preferido nem sempre é o mais feliz e pode crescer inseguro. “Essa criança vive com medo decepcionar os pais e carregar um sentimento de culpa por não corresponder às expectativas que nela são depositadas. Ao crescer, pode se tornar um adulto perfeccionista e problemático”, alerta. Bottura diz, porém, que nem sempre a criança é capaz de identificar a preferência do pai ou da mãe.

“Em famílias grandes, é comum que as crianças sempre se considerem preferidas, nunca as favoritas.” Ainda segundo o especialista, por não contarem com a maior fatia da atenção e dedicação da família, os preteridos acabam desenvolvendo mecanismos para sobreviver, ou seja, se tornam mais independentes, ativos, audazes e emocionalmente saudáveis.


Em famílias grandes, é comum que crianças se considerem preferidas, nunca favoritas

No livro, Ellen Libby discorre sobre o fato de a preferência mudar conforme os acontecimentos e as fases das crianças. “Não vejo isso como algo benéfico, mas pode ser favorável no caso dos filhos que precisam de maior atenção ou cuidado”, comenta a educadora e mediadora de conflitos Suely Buriasco, de São Paulo. São os períodos, por exemplo, de doença, dificuldade nos estudos, problemas de relacionamento interpessoal etc.

“Para mim, esse tipo de relação, eterna ou temporária, será prejudicial à família sempre que representar cisão, divisão ou rompimento emocional com os outros filhos”, completa Suely, que alerta para o fato de que demonstrar explicitamente a preferência é muito mais grave do que ter. “Uma afinidade velada não traria grandes danos à família, diferente da que se evidencia.”

Via de regra, a questão da preferência acomete boa parte das famílias, mas é comum os pais não admitirem o favoritismo. “Ou até admitem, mas não aceitam. Admitir essa verdade inconveniente não é tarefa fácil, mas pode ser uma ação libertadora, pois possibilita o diálogo”, destaca Wimer Bottura.

Assumir o favoritismo para si mesmo, sem culpa, e policiar as atitudes para evitar que a preferência seja evidente para os outros pode preservar a família. “Para tanto, é necessária a compreensão de que esse sentimento não o afasta dos outros filhos, não os fazem menos amados ou importantes. Simplesmente existe mais afinidade com um deles”, conclui Suely.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fome!

VIDEO PREMIADO NA ALEMANHA...

" Galinha à la Carte ."

Uma história real.

Este curta metragem foi eleito como melhor no Festival Alemão por votação do público.

O tema era Comida, Sabor e Fome

Impressionante!!!!

Dê um clique abaixo sem medo!

E ... AGRADEÇA SEMPRE O PRIVILÉGIO DE COMER BEM E COM FARTURA!!!

http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Carte

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Japão - Monja Coen.

Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.

Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.

Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras. A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas. Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.

Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.

Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.

Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.

Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.

Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.

Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.

Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.

Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.

Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.

Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.

Mãos em prece (gassho)
Monja Coen

A amizade pode morar ao lado.

O diretor de condomínios do Secovi-PR, em Maringá, Junzi Shimauti, diz ser frequente ouvir reclamações de moradores que não "se trombam" com os vizinhos em diversos condomínios residenciais. Uma das principais reclamações é o barulho que vem da casa ou do apartamento vizinho, seja ele o som do violão depois das 22 horas, o "toc toc" do salto alto em pleno raiar do dia, às 6 horas da manhã, e outras alegações.


Mas isso não é problema que perturba os vizinhos Carlos Sandoli, representante comercial, e Antonio Ramiro Dias Tavares, servidor estadual.


Há mais de dez anos dividindo o espaço comum em um condomínio horizontal de Maringá, os dois foram além da prática da boa vizinhança e se tornaram verdadeiros amigos.


"Não há interesse em nossa amizade, ninguém faz nada pensando em retorno. O Ramiro é meu amigo de verdade e, quando preciso dele, está pronto para ajudar", diz Sandoli, sentado confortavelmente no sofá do amigo. Aliás, ele parecia se sentir em casa, mesmo estando na casa do vizinho-amigo.


Enquanto se cumprimentavam para as fotos, a mulher de Tavares aproveitou para cutucar a verdadeira amizade dos dois: "são mais do que amigos, são uns puxa-sacos. Eu e a mulher do Carlos nunca temos razão contra eles. Parecem o Lula e a Dilma", brinca.


Esse clima de amizade não é só entre os dois condôminos. Segundo Sandoli, mais de 70% dos moradores de todo o condomínio mantêm verdadeira relação de amizade, que rende frequentes e animados almoços.


"Aqui é assim. De repente um sai para fora de casa, vai regar o jardim, pega uma cadeira e, quando vê, já tem uma roda de amigos formada fazendo um happy hour dentro de casa", revela Tavares.


Os filhos dos moradores também adoram a ideia de poder cultivar amizades sem precisar sair de casa. Além dos pequenos de Sandoli e Tavares, que estudam no mesmo colégio, outros jovens do condomínio cultivam amizades. Fica mais fácil para os pais, que se revezam para levar a garotada ao colégio.


Segundo o diretor do Secovi, uma boa tática para começar uma relação mais amistosa entre vizinhos - que só se cumprimentam dentro do elevador, por exemplo - é a organização de eventos de confraternização. Mas isso, garante ele, tem que partir do síndico, que deve tomar à frente na promoção desse tipo de evento.


"Fazer um churrasco entre os vizinhos ou um bolinho para os aniversariantes do mês são alternativas. Ou então tentar reunir o pessoal em prol de uma causa beneficente, como uma campanha de arrecadação de agasalho. Isso vai criar uma simpatia entre os vizinhos e, quando for preciso resolver alguma questão que esteja incomodando um ou outro, isso se torna bem mais fácil", garante Shimauti.


Ele revela que os problemas entre vizinhos acabam se resumindo sempre à falta de respeito de um pelo espaço do outro. E afirma que, além das reclamações mais comuns, como barulho, animais no condomínio ou problemas com os espaços na garagem, algumas situações envolvendo dinheiro também significam falta de respeito e invasão de espaço entre vizinhos.


"Se eu não pago meu condomímio em dia, estou faltando com o respeito pelo vizinho também. Afinal, o dinheiro do condomínio é um rateio para cobrir as despesas de todos. Se eu não conserto uma torneira quebrada no meu apartamento, não estou apenas me prejudicando, mas estou também afetando o orçamento dos vizinhos com o desperdício de água", afirma o diretor.


Shimauti menciona ainda que o comportamento antissocial das pessoas em um condomínio extrapolam qualquer regimento interno e são previstas no Código Civil, o que pode resultar em multas de até cinco vezes o valor da taxa de condomínio, segundo o artigo 1.337.



Seja um bom vizinho


Está no Código Civil, no artigo 1.337: comportamento antissocial pode acarretar multa de até cinco vezes o valor da cota condominial. E a reiteração do ato pode resultar em punição de até dez vezes. Se liga, mala!


Fale com seu vizinho, numa boa, se algo está incomodando. Caso entenda que isto provocará uma situação constrangedora, peça auxílio para o síndico e zelador, que poderá dar uns toques para ele. Só os casos que extrapolam as leis do condomínio, como roubo e assédio, devem ser levados à Justiça.


Você já ouviu falar dos 5 Cs problemáticos da lei da vizinhança?


Então se ligue aos itens: cano, cachorro, carro, criança e cobertura.


Não pense que todos gostarão de ficar vendo o seu "corpicho" nu. Evite a nudez fechando as cortinas e saiba que o vizinho incomodado pode reclamar inclusive judicialmente.


Dentro de casa, evite andar com sapatos de salto alto ou arrastar móveis.


Respeite os espaços na garagem.


Controle os latidos do seu cão, limpe todas suas sujeiras em áreas sociais, tome cuidado com as crianças e, no elevador, leve-os no colo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O que é viver bem?

Um repórter perguntou à CORA CORALINA:

O que é viver bem?

Ela disse-lhe:

“ Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.

E digo prá você, não pense.

Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.

O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.

Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa.. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.

Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.

Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.

Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.

Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor!!!

Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. ”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A dança do cisne.

Vídeo de Jonh Lennon da Silva que se apresentou no programa " Se ela dança eu danço " do SBT.

O rapaz humilde subiu ao palco com uma roupa simples, o que não agradou muito os jurados.

Ele nos deixa uma lição que foi postada como comentário do vídeo:

Nunca julgar o " livro pela capa."


http://www.youtube.com/watch?v=RM2Aio9mvNE

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