sábado, 30 de abril de 2011

Vamos falar mal de sertanejo?

É curioso...

Basta o sertanejo voltar à tona para as críticas apelativas voltarem. E diferentemente do que acontece com outros estilos, parece que qualquer declaração preconceituosa é aceita com a maior naturalidade.

Após mais uma entrevista boba do Lobão, ontem, dessa vez para a Folha, resolvi citar algumas declarações que mostram bem o nível de incômodo causado pelo sucesso da música sertaneja.

- Lobão, ontem, na Folha, disse que no Brasil há hoje uma “ invasão do agrobrega.”

Não custa lembrar que o sertanejo de hoje é muito mais animado do que romântico, e muito mais de classe alta do que de campo.

- Lobão, dois meses atrás, criticou o “ sertanejo universitário ” e disse que Luan Santana era “ uma coisa horrorosa ”, além de outros elogios não muito honrosos.

Essa história foi publicada num blog e rende comentários até hoje.

- No ano passado, o blog Radar Online, da Veja, definiu Luan Santana como “ fenômeno brega-adolescente da vez. ”

- O respeitado crítico Zuza Homem de Mello cunhou a seguinte frase:

“ Um compasso do João Gilberto vale muito mais do que toda a obra do Zezé di Camargo ”. Falei sobre essa passagem nesse texto aqui.

Os quatro exemplos acima são simples, frases que a gente lê por aí faz tempo.

Abaixo, no entanto, provavelmente estão as declarações mais infelizes de grande repercussão sobre música sertaneja.

Em outubro de 2000, Nelson Motta deu uma declaração que incomodou diversas duplas. Poucos anos atrás, no “ Altas Horas ”, o jornalista teve uma conversa “reconciliadora” com Zezé di Camargo e Luciano. Essa semana, ele está produzindo uma matéria sobre o novo sertanejo. A declaração, para a “ Isto É Gente ”, foi a seguinte:

“ Os critérios para avaliar uma música popular são melodia, letra, ritmo e harmonia. O sertanejo é praticamente zero em todos os quesitos. Reconheço até que o gênero tem alguns intérpretes de grande talento, que sabem cantar, mas as melodias são pobres e as letras são paupérrimas. O ritmo é praticamente inexistente, são baladas melancólicas. Em termos de harmonia o ritmo é indigente. Sobra muito pouco para o meu gosto, mas não quero convencer ninguém, só falo o que acho. ”

Além dessa, houve o desabafo de Lulu Santos ao vivo no Faustão. Revoltado com o governo Collor, que já estava em processo de impeachment, o músico disse que os sertanejos poderiam ir embora junto com o novo governo. A melhor frase do desabafo foi “eu tenho pavor desse tipo de música”. A declaração pode ser assistida clicando sobre a imagem abaixo, no finalzinho do vídeo.

Lembrando sempre que, a partir dos anos 1990, a música sertaneja feita por caipiras estranhos que cantavam fino em dupla, passou a ser a música dominante nas rádios e na TV.

Para encerrar, há ainda a música “ Odeio rodeio ”, do Chico César.

Só citar a primeira estrofe já basta:

Odeio rodeio e sinto um certo nojo
Quando um sertanejo começa a tocar
Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar

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