sexta-feira, 15 de abril de 2011

A amizade pode morar ao lado.

O diretor de condomínios do Secovi-PR, em Maringá, Junzi Shimauti, diz ser frequente ouvir reclamações de moradores que não "se trombam" com os vizinhos em diversos condomínios residenciais. Uma das principais reclamações é o barulho que vem da casa ou do apartamento vizinho, seja ele o som do violão depois das 22 horas, o "toc toc" do salto alto em pleno raiar do dia, às 6 horas da manhã, e outras alegações.


Mas isso não é problema que perturba os vizinhos Carlos Sandoli, representante comercial, e Antonio Ramiro Dias Tavares, servidor estadual.


Há mais de dez anos dividindo o espaço comum em um condomínio horizontal de Maringá, os dois foram além da prática da boa vizinhança e se tornaram verdadeiros amigos.


"Não há interesse em nossa amizade, ninguém faz nada pensando em retorno. O Ramiro é meu amigo de verdade e, quando preciso dele, está pronto para ajudar", diz Sandoli, sentado confortavelmente no sofá do amigo. Aliás, ele parecia se sentir em casa, mesmo estando na casa do vizinho-amigo.


Enquanto se cumprimentavam para as fotos, a mulher de Tavares aproveitou para cutucar a verdadeira amizade dos dois: "são mais do que amigos, são uns puxa-sacos. Eu e a mulher do Carlos nunca temos razão contra eles. Parecem o Lula e a Dilma", brinca.


Esse clima de amizade não é só entre os dois condôminos. Segundo Sandoli, mais de 70% dos moradores de todo o condomínio mantêm verdadeira relação de amizade, que rende frequentes e animados almoços.


"Aqui é assim. De repente um sai para fora de casa, vai regar o jardim, pega uma cadeira e, quando vê, já tem uma roda de amigos formada fazendo um happy hour dentro de casa", revela Tavares.


Os filhos dos moradores também adoram a ideia de poder cultivar amizades sem precisar sair de casa. Além dos pequenos de Sandoli e Tavares, que estudam no mesmo colégio, outros jovens do condomínio cultivam amizades. Fica mais fácil para os pais, que se revezam para levar a garotada ao colégio.


Segundo o diretor do Secovi, uma boa tática para começar uma relação mais amistosa entre vizinhos - que só se cumprimentam dentro do elevador, por exemplo - é a organização de eventos de confraternização. Mas isso, garante ele, tem que partir do síndico, que deve tomar à frente na promoção desse tipo de evento.


"Fazer um churrasco entre os vizinhos ou um bolinho para os aniversariantes do mês são alternativas. Ou então tentar reunir o pessoal em prol de uma causa beneficente, como uma campanha de arrecadação de agasalho. Isso vai criar uma simpatia entre os vizinhos e, quando for preciso resolver alguma questão que esteja incomodando um ou outro, isso se torna bem mais fácil", garante Shimauti.


Ele revela que os problemas entre vizinhos acabam se resumindo sempre à falta de respeito de um pelo espaço do outro. E afirma que, além das reclamações mais comuns, como barulho, animais no condomínio ou problemas com os espaços na garagem, algumas situações envolvendo dinheiro também significam falta de respeito e invasão de espaço entre vizinhos.


"Se eu não pago meu condomímio em dia, estou faltando com o respeito pelo vizinho também. Afinal, o dinheiro do condomínio é um rateio para cobrir as despesas de todos. Se eu não conserto uma torneira quebrada no meu apartamento, não estou apenas me prejudicando, mas estou também afetando o orçamento dos vizinhos com o desperdício de água", afirma o diretor.


Shimauti menciona ainda que o comportamento antissocial das pessoas em um condomínio extrapolam qualquer regimento interno e são previstas no Código Civil, o que pode resultar em multas de até cinco vezes o valor da taxa de condomínio, segundo o artigo 1.337.



Seja um bom vizinho


Está no Código Civil, no artigo 1.337: comportamento antissocial pode acarretar multa de até cinco vezes o valor da cota condominial. E a reiteração do ato pode resultar em punição de até dez vezes. Se liga, mala!


Fale com seu vizinho, numa boa, se algo está incomodando. Caso entenda que isto provocará uma situação constrangedora, peça auxílio para o síndico e zelador, que poderá dar uns toques para ele. Só os casos que extrapolam as leis do condomínio, como roubo e assédio, devem ser levados à Justiça.


Você já ouviu falar dos 5 Cs problemáticos da lei da vizinhança?


Então se ligue aos itens: cano, cachorro, carro, criança e cobertura.


Não pense que todos gostarão de ficar vendo o seu "corpicho" nu. Evite a nudez fechando as cortinas e saiba que o vizinho incomodado pode reclamar inclusive judicialmente.


Dentro de casa, evite andar com sapatos de salto alto ou arrastar móveis.


Respeite os espaços na garagem.


Controle os latidos do seu cão, limpe todas suas sujeiras em áreas sociais, tome cuidado com as crianças e, no elevador, leve-os no colo.

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