quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Preconceito sertanejo.

Todo mundo diz que existe um preconceito contra a música sertaneja (e obviamente existe), mas nem sempre existem exemplos.

Vou publicar aqui abaixo uma das passagens mais claras de descaso para com a música sertaneja, cometida 12 anos atrás, justamente por uma dos jornais mais respeitados do país, a Folha de S.Paulo, que hoje já dá uma espaço muito mais respeitoso ao nosso estilo musical, maior até que seus concorrentes.

O trecho abaixo foi escrito por Renata Lo Prete, jornalista que, na época, era Ombudsman do jornal (uma espécie de ouvidor, que serve como crítico do veículo para o qual trabalha).

As críticas dela falam da cobertura da doença e morte do Leandro.

" A Folha, que já havia perdido a batalha da qualidade na cobertura da doença de Leandro, perdeu também a da agilidade no desfecho do caso.Era de esperar que tentasse se recuperar no dia seguinte. Não foi o que aconteceu. As três páginas que dedicou ao tema na quarta-feira são um exemplo de desleixo editorial.

Para começar, mais de 30 horas depois da morte, anunciada antes mesmo de a edição do dia anterior chegar às bancas, a reportagem principal começava com a frase: "o cantor Leandro, 36, da dupla Leandro & Leonardo, morreu à 0h10 de ontem devido'' etc. ''Para que eu ainda preciso disso?'', perguntou um leitor, bombardeado por TV e rádio, diante de tamanha preguiça. No texto, estava errado o horário do sepultamento. Em outra página, os irmãos que originaram o nome artístico da dupla apareciam como gêmeos em texto e com idades diferentes em identificação de foto.

A mais previsível das gafes não ficou de fora: a Folha deu como morto Leonardo, em vez de Leandro, em texto sobre as duplas sertanejas (no dia seguinte, para completar o vexame, nota na Ilustrada ironizava o fato de Paulo Henrique Amorim ter cometido deslize igual na TV Bandeirantes). Na crítica interna, observei que a Folha costuma caprichar na apresentação de coberturas especiais.

Desta vez, no entanto, a página principal trouxe uma foto acanhada, espremida entre duas massas de texto, com resultado sem nenhum apelo visual. Esses descuidos não são fruto apenas da afobação do jornalismo diário. Resultam antes da má vontade com que a Folha cobriu o caso Leandro. Música sertaneja não é assunto na Folha, porque supostamente seu público não a consome. Esse raciocínio míope fez com que o jornal acompanhasse o drama do cantor de forma extensiva e superficial."

O bom é que, hoje, dificilmente vemos erros como esses em grandes jornais, justamente pelo espaço e respeito que a música sertaneja conseguiu.

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