sexta-feira, 27 de maio de 2011

Toda mulher deve ler!

Crônica de Martha Medeiros

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo:

'Olha, não dá mais'.

Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'.

Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema.

Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida.

Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.

Até que algo sensacional aconteceu...

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele.

Ele quem mesmo???

Martha Medeiros

" NASCEMOS E MORREMOS SÓS... POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS ...É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!"

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O cérebro humano.

É por isso que temos que viajar e curtir muito. O cérebro não pode parar.

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado.

Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.

Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?
Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noçãode passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...

ROTINA

A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M(Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.




Aprenda uma nova língua, ou um novo instrumento

Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos ou animais de estimação (eles destroem a rotina)
Sempre faça festas de aniversário e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja Diferente!

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.... em outras palavras... V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado,não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

ESCREVA em TAmaNhos diFeRenTese em CorES
difErEntEs!

CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE, MOLHE, DOBRE, PICOTE, INVENTE, REINVENTE...

V I V A !!!

sábado, 7 de maio de 2011

Lição de Fukushima!

A carta a seguir foi escrita por Ha Minh Thanh, um imigrante vietnamita que é policial em Fukushima no Japão, a seu irmão, mas acabou chegando a um jornal em Shangai que a traduziu e publicou.

Querido irmão,

Como estão você e sua família? Estes últimos dias tem sido um verdadeiro caos. Quando fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando os abro, também vejo cadáveres. Cada um de nós está trabalhando umas 20 horas por dia e mesmo assim, gostaria que houvesse 48 horas no dia para poder continuar ajudar e resgatar as pessoas.
Estamos sem água, eletricidade e as porções de comida estão quase a zero. Mal conseguimos mudar os refugiados e logo há ordens para mudá-los para outros lugares.

Atualmente estou em Fukushima – a uns 25 quilômetros da usina nuclear. Tenho tanto a contar que se fosse relatar tudo, essa carta se tornaria um verdadeiro romance sobre relações humanas e comportamentos durante tempos de crise.

As pessoas aqui permanecem calmas – seu senso de dignidade e comportamento são muito bons – assim, as coisas não são tão ruins como poderiam. Entretanto, mais uma semana, não posso garantir que as coisas acabem chegando a um ponto onde não poderemos dar proteção e manter a ordem de forma apropriada.

Afinal de contas, eles são humanos e quando a fome, a sede se sobrepõem à dignidade, farão o que tiver que ser feito para conseguir comida e água. O governo está tentando fornecer suprimentos pelo ar enviando comida e medicamentos, mas é como jogar um pouco de sal no oceano.

Irmão querido, houve um incidente realmente tocante que envolveu um garotinho japonês que ensinou a um adulto como eu, uma lição de como se comportar como um verdadeiro ser humano.

Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados.

Era uma fila muito longa e notei, no final dela, um garotinho de uns 9 anos que usava uma camiseta e um short. Estava ficando muito frio e fiquei preocupado se, ao chegar sua vez, poderia não haver mais comida. Fui falar com ele.

Ele contou que estava na escola quando o terremoto ocorreu. Seu pai, que trabalhava perto, estava se dirigindo para a escola para apanhá-lo e ele, que estava no terraço do terceiro andar, viu quando a onda tsunami levou o carro com seu pai dentro.

Perguntei sobre sua mãe e ele disse que sua casa era bem perto da praia e que sua mãe e sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram. Notei que virou a cabeça para limpar uma lágrima quando perguntei sobre sua família. O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre ele. Foi ai que a minha bolsa de bentô (comida) caiu. Peguei-a e dei-a a ele dizendo: “Quando chegar a sua vez a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Por que você não come”? Ele pegou a minha comida e fez uma reverência. Pensei que ele iria comer imediatamente, mas ele não o fez. Pegou a comida, foi até o início da fila e colocou-a onde todas as outras comidas estavam esperando para serem distribuídas.

Fiquei chocado. Perguntei-lhe por que ele não havia comido ao invés de colocar a comida na pilha de comida para distribuição. Ele respondeu: “Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuí-la mais igualmente”.

Quando ouvi aquilo, virei-me para que as pessoas não me vissem chorar. Uma sociedade que pode produzir uma pessoa de 9 anos que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior, deve ser uma grande sociedade, um grande povo.

Bem, envie minhas saudações à nossa família. Tenho que ir, meu plantão já começou.

Ha Minh Thanh

sábado, 30 de abril de 2011

Vamos falar mal de sertanejo?

É curioso...

Basta o sertanejo voltar à tona para as críticas apelativas voltarem. E diferentemente do que acontece com outros estilos, parece que qualquer declaração preconceituosa é aceita com a maior naturalidade.

Após mais uma entrevista boba do Lobão, ontem, dessa vez para a Folha, resolvi citar algumas declarações que mostram bem o nível de incômodo causado pelo sucesso da música sertaneja.

- Lobão, ontem, na Folha, disse que no Brasil há hoje uma “ invasão do agrobrega.”

Não custa lembrar que o sertanejo de hoje é muito mais animado do que romântico, e muito mais de classe alta do que de campo.

- Lobão, dois meses atrás, criticou o “ sertanejo universitário ” e disse que Luan Santana era “ uma coisa horrorosa ”, além de outros elogios não muito honrosos.

Essa história foi publicada num blog e rende comentários até hoje.

- No ano passado, o blog Radar Online, da Veja, definiu Luan Santana como “ fenômeno brega-adolescente da vez. ”

- O respeitado crítico Zuza Homem de Mello cunhou a seguinte frase:

“ Um compasso do João Gilberto vale muito mais do que toda a obra do Zezé di Camargo ”. Falei sobre essa passagem nesse texto aqui.

Os quatro exemplos acima são simples, frases que a gente lê por aí faz tempo.

Abaixo, no entanto, provavelmente estão as declarações mais infelizes de grande repercussão sobre música sertaneja.

Em outubro de 2000, Nelson Motta deu uma declaração que incomodou diversas duplas. Poucos anos atrás, no “ Altas Horas ”, o jornalista teve uma conversa “reconciliadora” com Zezé di Camargo e Luciano. Essa semana, ele está produzindo uma matéria sobre o novo sertanejo. A declaração, para a “ Isto É Gente ”, foi a seguinte:

“ Os critérios para avaliar uma música popular são melodia, letra, ritmo e harmonia. O sertanejo é praticamente zero em todos os quesitos. Reconheço até que o gênero tem alguns intérpretes de grande talento, que sabem cantar, mas as melodias são pobres e as letras são paupérrimas. O ritmo é praticamente inexistente, são baladas melancólicas. Em termos de harmonia o ritmo é indigente. Sobra muito pouco para o meu gosto, mas não quero convencer ninguém, só falo o que acho. ”

Além dessa, houve o desabafo de Lulu Santos ao vivo no Faustão. Revoltado com o governo Collor, que já estava em processo de impeachment, o músico disse que os sertanejos poderiam ir embora junto com o novo governo. A melhor frase do desabafo foi “eu tenho pavor desse tipo de música”. A declaração pode ser assistida clicando sobre a imagem abaixo, no finalzinho do vídeo.

Lembrando sempre que, a partir dos anos 1990, a música sertaneja feita por caipiras estranhos que cantavam fino em dupla, passou a ser a música dominante nas rádios e na TV.

Para encerrar, há ainda a música “ Odeio rodeio ”, do Chico César.

Só citar a primeira estrofe já basta:

Odeio rodeio e sinto um certo nojo
Quando um sertanejo começa a tocar
Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comungay.

A Igreja Cristã Contemporânea permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas

Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea.Enquanto uma poderosa bancada evangélica tenta bloquear direitos LGBT no congresso, uma modesta igreja carioca mostra que é capaz de amar ao próximo. Fundada por um casal gay evangélico, permite que qualquer orientação sexual ande de mãos dadas com a orientação religiosa. Bem vindos à Igreja Cristã Contemporânea

A noite era de festa na Igreja Cristã Contemporânea. Kathyla chega esbaforida, sem tempo hábil para afinar o violão que daria o tom ao primeiro culto da nova sede, inaugurada no bairro de Madureira, subúrbio do Rio. “Kathyla tem uma história de vida muito interessante para contar, converse com ela”, entregou Cristiane Carvalho, a “intercessora” do movimento fundado por Marcos Gladstone, pastor, gay, dissidente da Igreja Evangélica Congregacional que desde 2006 arrebanhou mais de mil fiéis à sua instituição – onde prega os mesmos ensinamentos das pentecostais-padrão, com uma única exceção: não faz restrições a opções sexuais de seus seguidores.

Cristiane, a intercessora, isto é, responsável por toda a organização dos cultos, do sistema de som à acomodação do público, é casada há quatro anos com a “levitas” Silvia Guimarães, uma das vozes principais do coro. A cerimônia oficial––– aconteceu na igreja, com a bênção do pastor Marcos, que também batiza e prepara “diáconos”, sua versão para seminaristas, para assumir a função de pastores. Elas são mães de Vitória, 8 anos, adotada há três, que dançava e cantava na companhia de outras crianças, filhas biológicas ou não, ao lado dos pais, homossexuais ou não. Era, afinal, uma cerimônia normal, tal e qual se vê na TV, nos programas evangélicos que prometem recuperar alcoólatras, redirecionar prostitutas, ressuscitar criaturas apegadas ao vício do jogo e purificar traficantes. Por ali só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou “tratamento” nas outras igrejas – sem sucesso.

EX-EX-GAY

Marco Aurélio é um “ ex-ex-gay ”, desgarrado da Assembleia de Deus depois de ter sido desenganado pelo pastor, que, diante do quadro irreversível do “paciente”, recomendou que ficasse “na moita e casado com mulher”. Marco se trancou no armário por sete anos, casado. Mas não engoliu a chave. Abriu, saiu, se assumiu e há dois anos vive ao lado do homem de sua vida. “Meu pastor na época dizia que não existia gay na igreja”, lembra ele, que hoje é um dos diáconos que sonham em assumir o posto de pastor da Contemporânea. “Para ser pastor é preciso estar casado, é importante ver um casal no altar. Queremos ser referência de família”, explica Roberto Soares, pastor da filial de Belo Horizonte, casado há nove anos com Anderson Pereira. “Passamos aos fiéis nossos valores, orientamos sobre sexo, falamos de promiscuidade e traição”, conta Roberto. Ele é o cara da oratória. “É muito comum no meio gay o sexo sem compromisso e outros comportamentos que nos afastam do poder de Deus. Aceitamos o sexo antes do casamento, desde que feito com amor”, emenda Anderson, que também responde pelo louvor dos cultos na capital mineira. “Dividimos as funções no altar, é como funciona nossa igreja.” Mais ou menos assim: enquanto um canta e dança, o outro representa. “Costumamos ir à porta de boates e bares para evangelizar, vamos também às paradas gays. Mas não levantamos bandeira alguma, apenas discursamos em nome da boa conduta. E não praticamos leis condenatórias, como as outras igrejas”, diz Anderson.

Só não se promete curar gays, até porque a maioria deles já procurou " tratamento " em outras igrejas. Sem sucesso

Entende-se por boa conduta tudo aquilo que se vê nos preparativos inaugurais da nova igreja, localizada numa esquina residencial e tranquila, agora animada por vozes e acordes de uma turma que se arrumou com o maior esmero (todos de terno e gravatas felizes, com impecável nó Windsor) para orar e comemorar, com cantoria a mil decibéis, a inauguração de mais um templo livre de preconceitos e com os mesmos conceitos cristãos rezados por Edir Macedo e companhia. “ Foram eles que nos expulsaram da igreja, dizendo que somos a encarnação do demo, abomináveis, que vamos para o inferno ”, lamenta Fábio Inácio, casado com o fundador, Marcos Gladstone e um dos líderes da igreja no Rio de Janeiro.

É ele quem dá início ao culto inaugural, com meia hora de atraso. Tempo suficiente para Kathyla se aquecer e ler a partitura do dia. Ela chama a atenção no palco, morena de mais de metro e 80, idade não revelada – assim como seu nome registrado em cartório. Musicista, toca, além de violão, baixo e cavaquinho. Professora de canto, transexual, uma filha de 18 anos no currículo e um casamento hétero nas costas. “Sou divorciada e solteira”, avisa. Convertida há dez anos, “ era católica relaxante ”, Kathyla Valverde conta, já sentada na plateia, que tem “ uma trajetória na MPB ”, tendo trabalhado com Roberto Menescal, Carlos Lyra e Wanda Sá. Não como música, mas como assistente de produção. Já como Kathyla? “ Não, ainda não me chamava Kathyla. ” A propósito, fala-se Quêitila.

TRANS EM CRISTO
Vai começar o ritual. Nossa personagem abre a bolsa e saca um livro cor-de-rosa, shocking. É a Bíblia, adaptada para mulheres. A Bíblia da mulher que ora, de Stormie Omartian, é um best-seller no meio gospel que ajuda as fiéis do sexo feminino a aprofundar seu relacionamento com Deus ao intensificar a vida de oração. “Sou uma mulher presa no corpo de homem, por isso sou transgênero e não travesti”, explica, baixinho, para não atrapalhar o andamento do culto. “ Deus é perfeito, mas muitas pessoas nascem imperfeitas. Vou fazer a cirurgia de redesignação sexual no fim do ano, pelo SUS”, vibra. “ Sou uma privilegiada. ”

A conversa é interrompida por um número de dança, executado por uma fiel, heterossexual, loira e devidamente escondida sob mantos brancos que esvoaçavam no altar, tendo um adesivo de nuvens como pano de fundo. “ Ela é do Ministério da Dança ”, explica Kathyla. Fim da performance, é a hora de mais um, quer dizer, oito números musicais comandados por Fábio. Cantoria, palmas, coreografias, pulinhos e um grito de ordem “tira o pé do chão” embalam os fiéis, que levantam as mãos para o céu e, cada um à sua necessidade, fazem seus pedidos para o plano superior.

Jesus revelou que a orientação sexual é algo que jamais pode mudar. Foi construída por Deus

Descontração geral, louva-se a Deus em axé, samba e outros ritmos de rádio. O clima esquenta, literalmente. E o ar-condicionado já não dá vazão a tanta exaltação. Fábio, suado, encerra a apresentação e se dirige para os fundos do salão, onde uma mesa de som e vídeo registrava tudo para uso interno. “Muitas pessoas que estão aqui não podem aparecer, nem todo mundo é assumido”, diz Fábio, que nasceu e cresceu na Igreja Universal. Perdeu a fé aos 24 anos, “acreditava que Deus não me amava, passei a usar drogas, tomava ecstasy em boates”, e a reencontrou em 2006, quando conheceu Marcos. Juntos, fundaram a primeira sede, no terceiro andar de um sobrado no bairro da Lapa, no Rio, tradicional território de travestis e prostitutas da cidade.

“ A igreja nasceu e cresceu em torno do nosso amor”, diz Marcos, formado e pós-graduado em teologia pela Universidade Metodista Bennett do Rio de Janeiro. Como tantos outros líderes religiosos Brasil afora, também recebeu uma revelação divina. Em seu caso, na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, berço da militância gay. Lá, diz sua biografia, “o Senhor Jesus revelou que sua orientação sexual era algo que jamais poderia mudar ou fugir daquilo que foi constituído por Deus para ser”. Em 2002, de volta ao Brasil, onde havia deixado uma noiva a um pé do altar, se assume gay, rompe com sua igreja e conhece Fábio.

Casados desde 2009, estão às voltas com o processo de adoção de seu primeiro filho e com a inauguração de mais uma igreja, agora em Niterói, Estado do Rio. “Estamos crescendo e incomodando muita gente. Em nosso site, metade dos e-mails que recebemos é de pessoas xingando a gente de viado pra baixo”, reclama Fábio. Já são seis os templos liderados pela dupla. O céu é o limite. Passa das dez da noite, mais de três horas de culto. Kathyla entrega seu cartão de visitas, “para caso haver alguma dúvida”, guarda a viola na sacola, retoca o batom, “afinal, estou sendo fotografada”, e toma seu ônibus de volta para casa. “Tive um dia cheio, estou exausta. Não vejo a hora de descansar, afinal, sou filha de Deus.”

Todos nós somos, Kathyla.

Preferência por um filho.

Preferência por um filho é normal, mas favorito pode ser mais inseguro

Não sinta culpa se você se identifica mais com um dos seus filhos (só não deixe as crianças notarem)

É provável essa matéria tenha o efeito de um soco no estômago (e um aperto no coração) nos mais sensíveis. Afinal, na teoria, os pais amam igualmente todos os seus filhos. Mas, na prática, a dinâmica familiar não funciona conforme determinadas regras. Ou você não conhece algum caso de pais que preferem um dos filhos, mesmo que não se deem conta disso?

Desde que a psicóloga norte-americana Ellen Libby lançou “The Favorite Child” (“A Criança Favorita”, em tradução livre), em 2010, o debate entre os especialistas aumentou (e muitos concordam com ela). Ellen, que acumula 30 anos de prática clínica, diz que ter um filho favorito não é uma violação de um código moral. “Um pai não é igual a uma mãe. E um filho não é igual ao outro”, escreveu. Segunda ela, os motivos que levam pais a elegerem determinado rebento como queridinho são vários.

Um deles, é claro, diz respeito ao primeiro filho, a criança que veio ao mundo para transformar aquele casal em pais. Mas é comum que o posto seja roubado, futuramente, pelo caçula –que também está sujeito a perder o título se um terceiro herdeiro chegar ao mundo e assumir o posto de mais novo.

Ellen Libby considera outros fatores determinantes: o sexo da criança, pois, em famílias conservadoras ou machistas, o primeiro filho homem é um orgulho e tanto; o fato do filho se parecer com a família do pai ou da mãe; a demonstração de habilidades que os pais gostariam de ter, o que impulsionaria o mecanismo da projeção.

Para o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Paulista de Medicina (APM), a abordagem de “The Favorite Child” é superficial em alguns aspectos. “Ela não se aprofunda em uma questão essencial, que é a da personalidade da criança. Muitas vezes, os pais acabam se identificando com o filho mais cordato e fácil de lidar, que faz tudo o que eles querem. O filho de personalidade forte acaba sendo preterido”, afirma.

O psiquiatra diz, ainda, que, ao contrário do que o senso comum poderia imaginar, o filho preferido nem sempre é o mais feliz e pode crescer inseguro. “Essa criança vive com medo decepcionar os pais e carregar um sentimento de culpa por não corresponder às expectativas que nela são depositadas. Ao crescer, pode se tornar um adulto perfeccionista e problemático”, alerta. Bottura diz, porém, que nem sempre a criança é capaz de identificar a preferência do pai ou da mãe.

“Em famílias grandes, é comum que as crianças sempre se considerem preferidas, nunca as favoritas.” Ainda segundo o especialista, por não contarem com a maior fatia da atenção e dedicação da família, os preteridos acabam desenvolvendo mecanismos para sobreviver, ou seja, se tornam mais independentes, ativos, audazes e emocionalmente saudáveis.


Em famílias grandes, é comum que crianças se considerem preferidas, nunca favoritas

No livro, Ellen Libby discorre sobre o fato de a preferência mudar conforme os acontecimentos e as fases das crianças. “Não vejo isso como algo benéfico, mas pode ser favorável no caso dos filhos que precisam de maior atenção ou cuidado”, comenta a educadora e mediadora de conflitos Suely Buriasco, de São Paulo. São os períodos, por exemplo, de doença, dificuldade nos estudos, problemas de relacionamento interpessoal etc.

“Para mim, esse tipo de relação, eterna ou temporária, será prejudicial à família sempre que representar cisão, divisão ou rompimento emocional com os outros filhos”, completa Suely, que alerta para o fato de que demonstrar explicitamente a preferência é muito mais grave do que ter. “Uma afinidade velada não traria grandes danos à família, diferente da que se evidencia.”

Via de regra, a questão da preferência acomete boa parte das famílias, mas é comum os pais não admitirem o favoritismo. “Ou até admitem, mas não aceitam. Admitir essa verdade inconveniente não é tarefa fácil, mas pode ser uma ação libertadora, pois possibilita o diálogo”, destaca Wimer Bottura.

Assumir o favoritismo para si mesmo, sem culpa, e policiar as atitudes para evitar que a preferência seja evidente para os outros pode preservar a família. “Para tanto, é necessária a compreensão de que esse sentimento não o afasta dos outros filhos, não os fazem menos amados ou importantes. Simplesmente existe mais afinidade com um deles”, conclui Suely.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fome!

VIDEO PREMIADO NA ALEMANHA...

" Galinha à la Carte ."

Uma história real.

Este curta metragem foi eleito como melhor no Festival Alemão por votação do público.

O tema era Comida, Sabor e Fome

Impressionante!!!!

Dê um clique abaixo sem medo!

E ... AGRADEÇA SEMPRE O PRIVILÉGIO DE COMER BEM E COM FARTURA!!!

http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Carte

Seguidores