segunda-feira, 21 de março de 2011

Juntar bugigangas.

JUNTAR BUGIGANGA PODE SER SINTOMA DE TOC OU DEPRESSÃO ?

Aqui a matéria na íntegra da entrevista para Juliana Vines do jornal "Folha de São Paulo"

Não existe vida nem história sem objetos, dizem os antropólogos. Isso explica os museus, as coleções de selo e até a pilha de revistas no canto da estante.

Não explica, porém, como e por que cada vez mais há quem adore ( e estoque ) bugigangas que, segundo a definição do dicionário, já deveriam estar no lixo.

" Objetos são muito mais simbólicos do que funcionais. Eles têm valor afetivo ", diz o antropólogo Everardo Rocha, da PUC-Rio.

" Cada um quer ser curador da própria vida, ter uma coleção imensa de objetos. Muitas pessoas não sabem mais o que é lixo e o que não é. "

A antropóloga e pesquisadora da Unicamp Valéria Brandini diz que os objetos carregam escolhas. Por isso é tão difícil jogar fora algo que, para os outros, não passa de quinquilharia.

"Livrar-se de uma roupa velha pode significar perder uma parte de você, mesmo sabendo que aquilo pode ser útil para alguém."

De acordo com a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, da Associação Brasileira de Psiquiatria, o colecionismo ( mania de guardar objetos ), quando em excesso, pode ser sintoma de transtorno obsessivo - compulsivo ou estar associado a depressão.

Essas pessoas guardam dúzias de garrafas PET, escovas ou pilhas de enlatados. "Sempre há uma justificativa. Elas dizem que pode ser útil, que vão usar no futuro. Mas, no fim, nunca usam."

O psiquiatra Alvaro Ancona de Faria, da Unifesp, explica que ter um histórico de dificuldades financeiras pode desencadear o problema. " É um tipo de insegurança. Como se ela precisasse ter gasolina de reserva mesmo com o tanque cheio. "

Segundo Hounie, é difícil diferenciar o colecionismo saudável do transtorno. Muitas vezes, além de guardar, a pessoa compra sem controle.

Os casos mais extremos aparecem com a Síndrome de Diógenes --uma referência ao filósofo grego que vivia dentro de um barril. Quem tem a síndrome vive no meio do lixo, com pouca atenção à higiene, em um ato de autonegligência.

" Há pessoas ricas assim. É um transtorno difícil de ser tratado porque quem tem não se incomoda", afirma a psiquiatra Bárbara Perdigão, autora de um artigo sobre o assunto publicado na última edição do "Jornal Brasileiro de Psiquiatria".

Muitas vezes, nem terapia resolve. E, quando a casa é limpa, pouco tempo depois já volta a ficar como antes.

ENTÃO LIBERA: Não é preciso ser tão minimalista, mas para a filosofia chinesa do Feng Shui, já passou da hora de dar destino às coisas inúteis que você insiste em dizer que não são lixo.

" Objetos sem utilidade ocupam espaço físico e mental e dificultam a organização das ideias", diz a organizadora Cristina Papazian, bagunça é sinal de que algo está sobrando. "O descarte é o primeiro passo da organização ", afirma.

Segundo ela, todo mundo sempre tem algo no fundo do armário que não usa. Mesmo as pessoas mais organizadas e menos consumistas.

" Roupa velha é o que mais guardam. A peça não serve, está fora de moda, e a pessoa pensa que vai voltar a usar um dia. Só se for a uma festa do ridículo. "

DESCARTE SEM PENSAR: Tudo o que estiver quebrado ou velho demais. Vale para louças amareladas, panelas e potes de plástico sem tampa (ou tampas sem potes de plástico) e roupas velhas

PASSADO: Com alimentos e cosméticos é simples: passou a data de validade, lixo. Mas travesseiros, plásticos e escovas de dentes também vencem. Potes plásticos costumam ter validade de dois anos

NÃO COMPENSA: O conserto pode sair mais caro do que comprar um novo. É o caso de casacos de pele, peças de couro ou de verniz. A maioria dos eletrodomésticos também é descartável, como aparelhos de DVD e liquidificadores

PARADOS: Se você comprou faz um tempo e nunca usou, provavelmente nunca vai usar. Se você já usou, há uma tolerância. Alguns dizem que, para roupas, o prazo é dois anos. Para utensílios de cozinha, um ano

VÁRIOS DO MESMO: Três xampus pela metade, esmaltes da mesma cor e cremes iguais. Separe dois ou três e se livre do resto. Revistas e jornais com matérias não lidas podem ser recortados e guardados. Por que não imprimir receitas em vez de guardar pilhas de revistas que têm só uma receita boa?

PURGATÓRIO: Quando não tiver certeza se vai usar ou não um objeto, separe e deixe em um local visível por um tempo, como se estivesse de castigo. Coloque um limite de tempo (um mês, por exemplo). Se não usar durante esse tempo, é melhor doar

LIBERADOS: As exceções para as regras de uso são os sobretudos, casacos clássicos, agasalhos usados em viagens internacionais ou roupas esportivas (mergulho ou esqui) usadas em viagens. Livros de estimação e utensílios de cozinha temáticos e sazonais como formas de biscoito de Natal também são perdoados.

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